A Associação Nacional dos Servidores de Meio Ambiente (Ascema) realizou, no sábado (5), uma manifestação contra a política de destruição do meio ambiente de Jair Bolsonaro e seu ministro Ricardo Salles.
A entidade divulgou um documento denunciando o desmonte das políticas em defesa do meio ambiente pelo atual governo.
Segundo a entidade, “são inúmeros os ataques ao meio ambiente e aos servidores com perseguições, assédio, censura e ações que visam intimidar a atuação dos servidores em defesa da lei”.
A entidade levou um boneco inflável de Jair Bolsonaro com uma motosserra suja de sangue no lugar da faixa presidencial. As faixas diziam que “essa boiada não vai passar”, em referência à fala do ministro Ricardo Salles na reunião ministerial do dia 22 de abril, quando sugeriu aproveitar a pandemia para passar suas pautas antiambientalistas.
“Bolsonaro sai, Amazônia fica”, “Fora Salles” e “Amazônia ou Bolsonaro, de que lado você está?”, foram algumas das palavras de ordem dos manifestantes.
Segundo a Ascema, “o atual cenário político e socioambiental brasileiro demonstra o resultado do desmonte realizado pelo Governo Bolsonaro, os ataques constantes contra os órgãos e entidades socioambientais, além dos discursos contra a atuação dos servidores e as normas ambientais”.
“Desde 2019, com o início do atual governo, tem havido um aumento em número e extensão dos incêndios florestais, expansão do desmatamento da Amazônia; vazamento de óleo atingiu diversos pontos da costa brasileira sem que o governo se mostrasse capaz de dar uma resposta rápida e competente que possibilitasse descobrir os responsáveis por sua origem; as tentativas de incriminar e intimidar indígenas, ambientalistas e organizações não-governamentais, além de intimidação e cerceamento da ação dos servidores da área ambiental, resultando em um real e deliberado desmonte das instituições públicas de meio ambiente”.
O dossiê será enviado para o Congresso Nacional, a Comissão de Liberdade de Expressão da Organização das Nações Unidas (ONU), o Human Rights Watch e a Anistia Internacional.
A entidade também discute a reforma administrativa apresentada pelo governo Bolsonaro. Para Denis Rivas, servidor do ICMBio, vice-presidente da Ascema, a parte da reforma que prevê a possibilidade da extinção de órgãos do poder Executivo coloca em risco os órgãos de proteção ambiental”.
“Parece que sim, o Ibama corre risco e eu quero acreditar que a sociedade vai perceber o tamanho do risco e do engodo que é essa reforma administrativa”.
“É uma concentração de poder no presidente incabível numa democracia. O Parlamento deveria ser consultado em todas essas questões relacionadas a uma alteração nas estruturas de governo”.
Wallace Lopes, ex-superintendente substituto do Ibama no Tocantins, acredita que “a reforma administrativa tende a dificultar ainda mais a execução do nosso trabalho, porque fazer fiscalização, licenciamento, auditoria ambiental, regulação de agrotóxico sem estabilidade é algo impensável”.