No dia nacional de mobilizações contra a reforma administrativa (PEC 32), servidores públicos e lideranças sindicais realizaram ato em frente ao Anexo 2 da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Com faixas e cartazes, os servidores denunciam que a reforma precariza a oferta dos serviços públicos, corta direitos adquiridos dos servidores e ataca a estabilidade da categoria.
A manifestação em Brasília teve início por volta das 10h, em paralelo com os trabalhos da comissão especial da Câmara que analisa os efeitos da PEC 32 nas políticas públicas de educação e saúde. O projeto pode ir ao plenário no final deste mês.
“Sabe a escola pública? E os bancos públicos, que não fecharam um dia sequer na pandemia? Os médicos e enfermeiros do SUS? Sabe a vacina que você tomou contra a Covid? Tudo é serviço público! Essa luta contra a Reforma Administrativa é de todos nós”, defendeu o deputado federal, professor Israel (PV-DF), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público (Servir Brasil).
Pelas redes sociais, o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), em referência ao escândalo na compra da Covaxin, denunciada por um servidor de carreira, advertiu que “sem estabilidade, servidor que denunciar corrupção em aquisição de vacina, por exemplo, poderá ser demitido. A Reforma Administrativa de Bolsonaro precisa ser derrotada”.
A diretora do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), Rosilene Corrêa, afirmou que os atos desta quarta são em defesa de todo o serviço público. “Não apenas os servidores, mas todo cidadão será afetado pela PEC, porque ela muda a qualidade do serviço prestado”, afirmou Rosilene.
Também foram realizados atos em diversas outras capitais, como em São Paulo, Porto Alegre, Maceió e Salvador.
Em Porto Algegre, portando faixas com os dizeres “Deputado que vota contra os serviços públicos não volta” e “Não à reforma administrativa”, os servidores públicos enfrentaram o frio e a chuva logo pela manhã, e abriram as manifestações contra a PEC 32, de Bolsonaro, no dia de mobilizações em todo o país.
Na parte da manhã os manifestantes se reuniram em frente ao Hospital de Pronto Socorro e, à tarde, o protesto aconteceu em frente ao Palácio Piratini, reunindo funcionários municipais, estaduais e federais.
Participam dos atos representantes de centrais sindicais (CTB, CUT, Intersindical, CSP Conlutas e Pública) e de diversos sindicatos de servidores como o Sintergs, Simpa, CPERS, Sindjus, Simpe, Sindpers, Sintrajufe, Assurgs, Adufrgs, Sindisaúde e Afocefe Sindicato.
Para o presidente do Sintergs, Antonio Augusto Medeiros, que falou em nome da CTB, o dia de hoje é um dia de luta pelo serviço público. “É importante este ato para que possamos dialogar com a população sobre o que está em jogo: o fim do SUS, o fim de uma política de segurança pública, o extermínio do artigo sexto da constituição que foi conquistado com muita luta e que garante os direitos fundamentais. Vamos derrotar a PEC 32, que aproveita o momento de pandemia para tomar de assalto o Estado”, disse.
“A PEC 32 vem com o discurso de sempre, desde a escravatura. As reformas trabalhista, da previdência e administrativa servem apenas para tirar direitos, sucatear os serviços públicos e prejudicar a população. A reforma afeta os direitos dos servidores, a estabilidade, as carreiras e os aposentados. Mas afeta, principalmente, os usuários dos serviços públicos. Quem mais perde é a população de baixa renda, as comunidades periféricas. A defesa é por nossas carreiras e pelo bem-estar e atendimento à população, por serviços públicos de qualidade”, afirmou Angela Antunes, durante discurso em frente ao HPS.
Em São Paulo o ato, convocado pelos servidores e centrais sindicais, foi realizado na Praça da República. “Diante deste cenário, os atos são também de repúdio ao governo federal que, com o apoio de seus aliados no Congresso Nacional, está destruindo o Brasil, entregando nossos patrimônios e riquezas e tentando impor-se politicamente contra a democracia e as instituições democráticas. A Luta faz a Lei!”, diz Miguel Torres, presidente da Força Sindical.
Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira), vice-presidente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), afirmou que a PEC 32 representa a destruição dos serviços públicos. “Temos hoje 70 milhões de pessoas desempregadas, subempregadas, desalentadas e na economia informal e, ainda por cima, esse governo quer destruir os serviços públicos que atendem essa população”, disse Bira.
Pelas redes sociais, o deputado federal, Orlando Silva (PCdoB-SP), exaltou a importância dos atos para alertar a população dos danos que a “reforma” administrativa causará aos serviços públicos e para derrotar a proposta.
“Hoje são realizadas manifestações em todo o país contra as privatizações de empresas estratégicas e o desmonte dos serviços públicos e para derrotar a nefasta proposta de reforma administrativa”, disse Orlando.
Vereador na capital paulista, Toninho Vespoli (PSOL) lembrou que a “reforma” vai prejudicar toda a população. “Sou professor da rede municipal. O que eles querem fazer é acabar com o serviço público e com o servidor público e quem vai ser prejudicado com isso são as pessoas que estão na ponta, o povo que quer ter um serviço público de qualidade”, disse o parlamentar.
“Para isso, é necessário criar condições para que o servidor público faça seu serviço com qualidade. Mas o que eles querem é o contrário disso, querem acabar com o serviço público privatizando e terceirizando”, completou Vespoli.