A Câmara dos Deputados realizou, na sexta-feira (7), uma sessão solene em defesa da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto Federal de Brasília (IFB), instituições de ensino público e gratuito da capital federal ameaçadas pelos cortes anunciados pelo governo para a área de Educação.
O arrocho nos recursos para o setor foi duramente criticado por parlamentares e representantes de estudantes e educadores. O reitor substituto do IFB, Adilson de Araújo, denunciou que a instituição corre um sério risco de não conseguir manter-se em funcionamento no segundo semestre deste ano.
“Não teremos como pagar energia, internet, limpeza e teremos que dispensar nossos vigias. A situação é dramática”, afirmou. Araújo pediu aos parlamentares que cobrem do governo uma reunião de urgência com o Ministério da Educação, para debater a situação de penúria das instituições públicas.
O governo também pretende cortar mais de 2.724 bolsas de pós-graduação. Somadas com outras 3.474 bolsas já bloqueadas em maio, o corte atinge 6,9% das bolsas de pesquisa financiadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (Capes) neste ano.
Para o representante da União Nacional dos Estudantes (UNE), Vinicius Paranaguá, defender a universidade pública é defender o desenvolvimento do País. “Universidade é balbúrdia? Nós que produzimos 90% das pesquisas no Brasil e essas pesquisas são direcionadas à nossa sociedade? Se cortam os recursos, o que vamos desenvolver para a sociedade?”, indagou o estudante.
Clarisse Machado, do Diretório Central dos Estudantes da UnB, disse que o orçamento das universidades federais é “engessado” pela lei orçamentária. “A universidade não tem liberdade para utilizar seus recursos próprios, para prestar serviços para a comunidade e, hoje, o Estado gasta oito vezes mais com o estudante de educação básica do que superior”, argumentou.
“Tudo que foi conquistado de autonomia, de liberdade, na Universidade de Brasília, foi feito com muita coragem. Coragem de professores, de tantos educadores. Tudo o que foi conquistado com coragem, determinação e dor não será desconstruído”, afirmou a deputada Érika Kokay (PT-DF), que solicitou a solenidade.
Ela anunciou no evento que ainda este mês haverá o lançamento de um fórum em defesa da UnB e do IFB. A Universidade de Brasília foi classificada como a nona melhor instituição de ensino superior do Brasil em 2018 pelo Ranking Universitário Folha (RUF).
O Instituto Federal de Brasília conquistou o primeiro lugar entre todos os Institutos Federais em indicador de qualidade do Ministério da Educação.
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