IPCA atinge 10,25%, a maior taxa desde 1994. Em doze meses, gasolina sobe 40%, gás de cozinha 34,67%, energia elétrica 28,82% e as carnes 24,84%
A inflação de setembro bateu recorde e atingiu 10,25%, a maior taxa desde 1994, ano de lançamento do Plano Real. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), divulgado na manhã desta sexta-feira (08) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o avanço nos preços gerais foi de 1,16% em setembro, contra 0,87% em agosto. Mais uma vez, gasolina, botijão de gás e energia elétrica, sob o aval de Bolsonaro, encabeçam a escalada da inflação.
A inflação acumulada de 12 meses bateu pela primeira vez os dois dígitos no IPCA e o índice se distancia cada vez mais da meta estipulada pelo próprio governo para a inflação, de 3,75%.
Não é surpresa que a principal pressão para a inflação que há meses voltou a assombrar o país tenha ficado por conta dos preços dos produtos e serviços administrados pelo governo.
“Tem uma série de fatores que estão por trás dessa inflação. Ela tem sido observada, principalmente, nos itens monitorados, que são a gasolina, a energia elétrica e o gás de botijão. E tem também uma contribuição importante de alimentação e bebidas, principalmente com o aumento de preços das proteínas [carnes]”, afirmou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Conta de luz cada vez mais cara
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em setembro. Individualmente, o maior impacto veio da energia elétrica, com alta de 6,37% no mês e de 28,82% em doze meses. Diante da incompetência de lidar com um ano de baixo abastecimento das hidrelétricas, Bolsonaro tem regularmente lançado tarifas extras para a conta de luz, pressionando o orçamento das famílias e promovendo um racionamento forçado de energia.
Ao invés de investir, Bolsonaro privatizou a Eletrobrás e manda o povo tomar banho frio, não usar elevador e acender uma vela.
A variação do preço da gasolina também ganhou ainda mais gravidade com o resultado do IPCA de setembro, acumulando em 12 meses elevação de quase 40%. A alta do mês ante agosto foi de 2,32%. O preço do etanol (+3,79%), gás veicular (+0,68%) e óleo diesel (+0,67%) também subiram, sem deixar alternativa para os consumidores.
Com os seguidos aumentos dos preços dos combustíveis nas refinarias da Petrobrás, com base no mercado internacional e no dólar, em benefício dos acionistas estrangeiros e prejuízo da indústria, do comércio e dos consumidores brasileiros, em doze meses, a gasolina acumula alta de 39.60% e o etanol aumentou 64,77%. Mas Bolsonaro tira o corpo fora e tenta culpar os governadores, o ICMS e até o prédio alugado da Petrobrás pela alta dos preços. Mudar a política de preços, nem pensar.
Botijão de gás e alimentos
Sem trégua, o preço do botijão de gás, após seguidas altas do gás liquefeito de petróleo nas refinarias, continuou subindo em setembro – desta vez com registro de alta de 3,91% no mês e de 34,67% em doze meses. O economista do IBGE enfatizou a sequência de altas que faz o consumidor pagar o maior preço do botijão de gás do século, cerca de 10% do salário mínimo, podendo ser encontrado a R$ 130 reais em algumas localidades.
“A gente tem observado uma sequência de aumentos do GLP (gás liquefeito de petróleo) nas refinarias pela Petrobrás. Há ainda os reajustes aplicados pelas distribuidoras. Com isso, o preço para o consumidor final tem aumentado a cada mês. Já foram 16 altas consecutivas. Em 12 meses, o gás acumula aumentos de 34,67%”, detalhou Kislanov no comunicado.
O custo do botijão de gás, usado nas residências, se soma à absurda e impeditiva variação de preços dos alimentos. No IPCA, a inflação do grupo Alimentos e Bebidas foi de 1,02% em setembro, com os produtos que compõem a cesta para alimentação no domicílio subindo 1,19%. Destacam-se a elevação dos preços das frutas (+5,39%), do café (+5,50%), do frango (+4,50%), batata (+6,33%) e do tomate (+5,69%). Os preços das carnes tiveram breve recuo de -0,21%, mas após 7 meses consecutivos de alta, acumulam variação 24,84% nos últimos 12 meses.
No acumulado de dozes os preços dos alimentos continuam em alta, tirando da mesa do consumidor brasileiros produtos básicos, com destaque para frango (28,78%) e frango em pedaços (28,91%), que substituíram as carnes vermelhas e os preços dispararam, restando às famílias ossos e pé de frango.