A divisão antitruste da Justiça dos EUA anunciou na segunda-feira (20) que irá bloquear a aquisição do conglomerado de mídia Time Warner pela gigante das telecomunicações AT&T. Tal fusão “significaria menos concorrência, maiores contas mensais de televisão e menos das novas e inovadoras opções que os consumidores estão começando a desfrutar”, advertiu o procurador-geral adjunto, Makan Delrahim, delineando a batalha judicial à frente.
Operadora gigante que engloba boa parte das antigas baby Bells – que foram o resultado da quebra em 1984 do monopólio original da telefonia nos EUA -, a atual AT&T divide com a Verizon e Comcast o controle da internet nos EUA e ainda controla a Direct TV (tevê a cabo). A Time Warner – cuja fusão anterior com a AOL (então a gigante da internet) foi um fiasco completo – compreende a HBO, a CNN e os estúdios Warner Bros.
A fusão de US$ 85,4 bilhões uniria o conteúdo da Time Warner com o serviço de internet e TV paga da AT&T. É também é vista como uma forma de resposta à ascensão do Netflix e do ingresso da Amazon na área de vídeo, bem como da primazia que vem assumindo Facebook, Google e Amazon. Mas para Delrahim, irá prejudicar o surgimento de novas opções de televisão on-line e dará à AT&T o poder de forçar as empresas concorrentes a pagar “centenas de milhões de dólares a mais” pelo conteúdo da Time Warner.
A AT&T veio a público reclamar que a decisão judicial, que irá contestar, “diverge do antigo precedente antitruste” – que era nas décadas recentes, como se sabe, carimbar todo tipo de fusão e de cartel. Aliás, no governo Obama, a operadora Comcast, não sofreu qualquer empecilho para abocanhar a geradora de conteúdo NBCUniversal.
“As fusões verticais como esta são rotineiramente aprovadas porque eles beneficiam os consumidores sem remover qualquer concorrente do mercado. Não vemos nenhuma razão legítima para que nossa fusão seja tratada de forma diferente”, asseverou com candura o advogado geral da AT&T, David McAtee. Naturalmente, não é para beneficiar consumidores que se formam e inflam os cartéis e monopólios, mas para ter lucros extraordinários, impor preços e condições, dominar mercados.
Conforme a mídia, antes de partir para o processo antitruste a autoridade judicial tentou negociar acordo pelo qual a AT&T venderia a CNN ou a rede de satélites. Para ir adiante com a monopolização ameaçada, os porta-vozes da AT& T passaram a insinuar que está havendo “interferência política” e o executivo-chefe chegou mesmo a falar em um “elefante na sala”, em referência a Trump.
Não é segredo para ninguém a briga da CNN com o então candidato Trump, que chegou a apelidá-la de “Clinton News Network”, e considerá-la sede oficial das fake news. Ele chegou até mesmo em um discurso a prometer que o acordo AT&T-Time Warner não seria aprovado em um governo dele por ser “muita concentração de poder em poucas mãos”. O que, gostando-se ou não de Trump, é a pura verdade. A.P.