Juros ainda elevados inibem investimentos, aponta economista da Abimaq
O faturamento total do setor de máquinas e equipamentos recuou 13,3% em janeiro deste ano, segundo dados da Associação Brasileira da indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), divulgados nesta quarta-feira (28). Na comparação com janeiro do ano passado, a retração foi de 21,7% para R$ 16 bilhões. Já a receita líquida interna registrou queda de 28,5% na mesma base de comparação, para R$ 11,1 bilhões de reais.
De acordo com a Abimaq, no mercado doméstico, as receitas de vendas de máquinas vêm registrando retração continuamente desde o ano de 2022.
“Em 2022 a queda foi de 6,9%, em 2023 de 15,4% e em 2024, o primeiro mês de 2024 registrou queda de quase 30% em relação ao mesmo mês de 2023 que já tinha sido baixo”, destaca a entidade.
O economista da Abimaq, Leonardo Silva, aponta a desacelaração nos investimentos, atribuída em grande parte às taxas de juros ainda elevadas. Segundo ele, a indústria está “caminhando ainda de lado”. “Apesar da gente ver um ciclo de queda nos juros, ainda está em um patamar muito elevado se a gente comparar com alguns períodos anteriores”, declarou a jornalistas.
“A gente está vendo uma dificuldade de financiamento e o mercado, de forma geral, acaba respondendo comprando menos máquinas”, completou.
Os setores que mais dependem de investimentos ou maior financiamento, e sujeitos às altas taxas de juros, “vêm tendo uma diminuição no decorrer desse período”, aponta Silva. Ele cita os setores ligados à indústria de transformação, componentes, infraestrutura, construção civil e máquinas agrícolas.
Já o segmento de máquinas para de bens de consumo não duráveis teve crescimento, com a geração de emprego e a recomposição da renda das famílias.
O número de pessoal ocupado na indústria de máquinas e equipamentos em janeiro foi de 389 mil trabalhadores. O setor recuperou parte da mão de obra perdida em 2023, mas continua com 10.123 pessoas a menos no quadro de pessoal, quando comparado com o mês de setembro de 2022, período que registrou melhor número de empregos no setor. Em relação a janeiro do ano passado, o setor encolheu 0,9% a sua força de trabalho.
Os setores que registraram os maiores cortes no nível de pessoas empregadas foram os destacados pela piora na receita de vendas já em 2023, os fabricantes de máquinas agrícolas e de máquinas para a indústria de transformação.
O nível de utilização de capacidade instalada da indústria caiu para 71,1% no período, 4,4% abaixo do nível observado no final de 2023, de 74,4%, segundo a entidade.
As exportações e importações subiram ambas 7,3% em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado.