“O choque principal da Covid-19, no mês de abril, foi apenas o momento mais agudo de uma sequência de quatro meses de queda iniciada já em fev/20”, diz o Iedi
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta sexta-feira (11) que o setor de serviços registrou uma variação positiva de 2,6% na passagem de junho para julho. Embora esse tenha sido o segundo mês de crescimento, o setor, que compõe mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, está longe de recuperar as perdas registradas nesse ano de pandemia.
De acordo com o IBGE, o volume de serviços prestados em julho está 12,5% abaixo dos níveis de fevereiro (pré-pandemia) e 22,2% abaixo do pico histórico registrado em 2014.
“O avanço de 2,6% não foi suficiente para eliminar as perdas observadas entre fevereiro e maio. Vale destacar que o efeito da pandemia propriamente dito ocorreu entre março e maio”, destacou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Na comparação com julho do ano passado, o volume de serviços recuou 11,9%. No acumulado do ano, o setor ainda acumula queda de 8,9% frente a igual período de 2019. Em 12 meses, a perda é de -4,5%, resultado negativo mais intenso desde julho de 2017 (-4,6%).
Em 2019, o setor de serviços encerrou o ano com uma variação de apenas 1%. Em janeiro ficou estagnado em 0,4% e não consegue sair do poço que a política de Bolsonaro e Guedes afundaram o país. A pandemia agravou a situação para o setor que vinha sendo atingido pelo desemprego e a queda na renda do brasileiro.
Como assinalou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), “o choque principal da Covid-19, no mês de abril, foi apenas o momento mais agudo de uma sequência de quatro meses de queda iniciada já em fev/20”.
Serviços prestados às famílias acumula -38%
Além da necessidade de distanciamento social necessário que paralisou as atividades de serviços não essenciais na maior parte do país, a ausência de medidas de sustentação do consumo, o desemprego e a queda na renda das famílias tiveram grande impacto no resultado.
Não é à toa que os serviços prestados às famílias (que inclui hotéis, restaurantes e academias) registraram queda de 3,9% em julho, enquanto os outros segmentos registraram alta. No acumulado do ano, o tombo é de 38,2%. Na comparação com julho de 2019, o volume de serviços prestados caiu 54,9%.
Segundo Lobo, os serviços prestados às famílias precisam crescer 130,5% para retomar ao patamar pré-pandemia.
O setor de serviços registrou uma queda recorde de 9,7% no 2º trimestre, segundos os dados do PIB (Produto Interno Bruto).
Na véspera, o IBGE mostrou que as vendas do comércio cresceram 5,2% em julho. Apesar de marcar a 3ª alta seguida, o varejo brasileiro ainda acumula queda de 1,8% no ano. Já a indústria avançou 8% em julho, mas permanece 6% abaixo do patamar pré-pandemia e acumula perda de 9,6% no ano.