A tragédia do desemprego, da queda na renda das famílias e do desmonte do setor produtivo têm mantido o setor de serviços no limbo da recessão.
Segundo a pesquisa mensa sobre Serviços, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (16), o volume do setor registrou recuo de -1,9% na passagem de dezembro para janeiro – a queda mais intensa desde março de 2017, quando caiu 2,7%.
Uma leitura real da atual crise econômica – que está longe de superada – não nos deixa surpreender pelo dado. Mas, o resultado assustou os “analistas econômicos” que esperavam um resultado melhor, já que o período é marcado pelo pagamento do 13º salário e por intensa atividade turística.
Também não dá para dizer, como alguns afirmam, que a queda foi pontual. O volume de serviços também apresentou queda de -1,3% na comparação com janeiro de 2017 e, no acumulado de 12 meses, caiu -2,7%.
De modo geral, o volume de serviços prestados em janeiro está 12,4% abaixo do pico registrado pelo setor em novembro de 2014, informou o IBGE.
Os pesquisadores do instituto avaliam que para que o setor vá bem, é preciso que o comércio e a indústria se recuperem, assim como o consumo das famílias que depende do aumento do emprego – o que não se vê.
Quando distribuída regionalmente, a queda revelada pela pesquisa dá conta de que apenas em São Paulo, o volume de serviços prestados foi 1,4% menor em janeiro sobre dezembro.
“Não foi a taxa mais negativa entre os estados, mas São Paulo responde por 43% do total de volumes de serviços do país”, disse Rodrigo Lobo,coordenador da pesquisa no IBGE.
No total, 18 dos 27 estados registraram recuo. Outras quedas se destacaram, com o Rio de Janeiro (-2,7), Santa Catarina (-7,6%), Rio Grande do Sul (-2,4%) e Distrito Federal (-2,1%).
Na comparação mensal, quatro dos cinco segmentos que são pesquisados pelo IBGE ficaram negativos, sendo a maior queda registrada na prestação de serviços de transportes e serviços auxiliares de transporte com recuo de -3%. Os serviços profissionais, administrativos e complementares – atividade que conta com maior demanda de empresas caiu -1,4% de dezembro para janeiro. Os serviços de informação e comunicação caíram -0,2% e os serviços prestados às famílias, -0,6%.
Esse último, apesar de não ter sido a maior queda, teve grande impacto na composição do dado geral, já que em volume tem grande representatividade. Este dado também expressa a situação das famílias abatidas pelo desemprego e pela renda.