Apesar do crescimento do setor de serviços registrado em junho, e comemorado como indício de uma suposta recuperação econômica, o setor continua de mal a pior. Operando 10,5% abaixo do pico da série histórica (em janeiro de 2014), a prestação de serviços que hoje tanto contribui para a formação do Produto Interno Bruto (PIB) do país caiu -0,9% no primeiro semestre do ano e acumula em 12 meses resultado negativo de -1,2%.
O avanço de 6,6% em junho divulgado na pesquisa mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi fundamentalmente influenciado pelo aumento de 23,4% nos serviços de transportes terrestres. O crescimento do segmento, por sua vez, é atribuído à uma contratação extraordinária de frete para dar conta de escoar o que ficou encalhado em maio por conta da paralisação de 11 dias dos caminhoneiros.
No mês da greve, os serviços tiveram queda de -5% – a maior da série histórica até então. Contudo, os números anteriores à paralisação demonstram que o principal entrave para o crescimento continua sendo o desemprego e os salários arrochados, consequência da recessão econômica iniciada no governo Dilma e longe de estar superada.
Não é a toa que apesar da variação positiva, os serviços consumidos pelas famílias – ou seja, pelos trabalhadores e assalariados – recuaram significativamente. A categoria “serviços prestados às famílias” teve queda, na comparação com maio, de -2,5%. Os serviços de alojamento e alimentação (restaurantes) caíram -2,4%.
Outras comparações, como por exemplo a trimestral, confirmam a situação: o segundo trimestre foi encerrado com queda de -0,3% na comparação com o primeiro trimestre (trata-se da segunda queda consecutiva); na comparação com o mesmo trimestre de 2017, a queda também foi de -0,3%.