Terceira alta seguida não foi suficiente para recuperar as perdas com a pandemia: entre fevereiro e maio o tombo foi de 18,9%
O volume de serviços cresceu 2,9% em agosto, na comparação com julho. Apesar de três meses seguidos de altas, o setor ainda está 9,8% abaixo do patamar de fevereiro, quando caiu -1,1% e o país ainda não vivia a pandemia da Covid-19. Com a terceira alta seguida, o setor acumula crescimento de 11,2%, mas esse resultado não foi suficiente para recuperar a perda acumulada de 19,8% entre fevereiro e maio. No auge da pandemia, entre março e maio, a perda foi de 18,9%.
Em relação a agosto de 2019, o recuo no setor atingiu 10%, e no acumulado do ano de 2020, a queda é de 9%. Em 12 meses, a retração no setor atingiu 5,3%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada hoje (14) pelo IBGE.
O resultado positivo em relação a julho ocorreu em quatro das cinco atividades pesquisadas pelo IBGE, que destacou os serviços prestados às famílias (+33,3%). Segundo o IBGE, a alta foi impulsionada pelos restaurantes e hotéis, que tiveram suas atividades paralisadas por conta do avanço da pandemia.
“A alta dessa atividade foi a maior da série histórica, mas ainda está distante do patamar de fevereiro (-41,9%), mês que antecedeu o início do distanciamento social para controle da disseminação do coronavírus”, diz o IBGE.
“Passados os meses mais críticos da pandemia, em março e abril, a atividade de serviços prestados às famílias registrou as três maiores taxas de toda série histórica: 33,3% em agosto, 14,4% em junho, e 13,8% em maio. Mas mesmo com esses recordes, ainda está muito distante de recuperar as perdas de março e abril, tamanha a queda. Para que os serviços prestados às famílias voltem ao patamar de fevereiro, ainda precisam crescer 72,2%”, diz Rodrigo Lobo, Gerente da Pesquisa Mensal de Serviços.
RECESSÃO
As outras atividades que registraram resultados positivos foram: Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (3,9%) – que acumula ganho de 18,8% nos últimos quatro meses, após ter perdido 25,2% entre março e abril de 2020; serviços profissionais, administrativos e complementares (1,0%) e de outros serviços (0,8%), com o primeiro acumulando ganho de 5,4% no período de junho a agosto, depois de recuar 18,0% entre março e maio, e o último setor avançando 11,9% nos últimos três meses, após recuar 11,6% entre março e maio.
O setor de serviços foi um dos mais atingidos pela estagnação econômica que se seguiu à recessão de 2015-2016. O setor caiu -3,6% em 2015; -5,0% em 2016; -2,8% em 2017 e 0,0% em 2018. Em 2019 teve um variação de 1%, registrando em dezembro queda de 0,5% (revisado), após cair 0,1% em novembro, apesar de toda campanha do ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, de que a economia estava decolando. Em janeiro, o setor teve leve variação de 0,6% e voltou a ficar no vermelho em fevereiro, caiu 1% em relação a janeiro. Foi o pior resultado em 19 meses. Tudo isso antes da pandemia.
O setor que representa mais de 70% do valor adicionado do Produto Interno Bruto (PIB) e que mais emprega no país já manifestava a recessão que Bolsonaro e Guedes afundaram o país. No primeiro trimestre o PIB recuou -2,5%, em relação ao trimestre anterior, e no terceiro trimestre tombou -9,7% em relação ao primeiro trimestre.