O setor de serviços teve em abril o terceiro mês consecutivo de queda, atingindo também o maior recuo em toda a série histórica da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A queda sobre março foi de -11,9%, segundo os dados divulgados nesta quarta-feira (17) pelo IBGE. Na comparação com abril do ano passado, a queda foi ainda maior, de -17,2%. Esta foi a primeira vez que a pesquisa refletiu um mês inteiro de medidas de restrição, quarentena e fechamento de serviços não essenciais, implementadas por estados e municípios a partir da segunda quinzena de março para contenção do coronavírus.
Com o tombo recorde em abril, o setor que já vinha em queda desde o ano passado e que possui o maior peso na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, passou a acumular perda de 18,7% em 3 meses.
Esses resultados levaram os serviços a um patamar 27% abaixo do pico da série histórica do IBGE, registrado em 2014. No acumulado do ano, a queda é de 4,5% frente a igual período do ano anterior.
Além da falta de amparo do governo ao setor durante a pandemia, a queda generalizada na renda dos brasileiros é fator determinante para a sobrevivência da prestação de serviços. A pandemia vitimizou milhões de trabalhadores formais e informais, dependentes do auxílio emergencial aprovado pela Câmara para ter alguma renda – mas cujo acesso foi dificultado e atrasado pelo governo federal.
No setor de serviços estão enquadrados, por exemplo, restaurantes, bares, hotéis e serviços de transporte – que reclamam não ter recebido qualquer ajuda e, além do crédito anunciado pelo Banco Central e BNDES ter sido dificultado.
Na pesquisa de abril, todos os cinco setores tiveram queda, com destaque para transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-17,8%) e serviços prestados às famílias (-44,1%), este último intimamente ligado à renda. Em 2 meses, esses dois setores acumulam quedas de 24,9% e 61,6%, respectivamente.
Os demais resultados negativos vieram de serviços profissionais, administrativos e complementares (-8,6%), de informação e comunicação (-3,6%) e de outros serviços (-7,4%).
Compondo quase 70% da formação do Produto Interno Bruto (PIB), a ruína do setor de serviços, que mais emprega, representa também a derrocada da atividade econômica do país.
A projeção do mercado passou de queda de 6,48% para um tombo de 6,51% do PIB em 2020, conforme boletim Focus do Banco Central. Já a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que a retração do PIB do Brasil poderá chegar a 9,1%.