O setor de serviços despencou 2,2% apenas na passagem de junho para julho, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso confirma o quanto estamos distantes de uma situação de “recuperação econômica” e que esperar qualquer coisa de crescimento econômico em 2018 é uma ilusão.
Em maio, o volume de serviços prestados já havia caído -3,4% e houve uma recuperação de 4,8% em junho (na série com ajuste sazonal). Ainda assim, o acumulado do ano ficou negativo em -0,8% e, o período de 12 meses, em -1,2%.
A greve dos caminhoneiros em maio foi um fator relevante para a queda no setor de serviços, mas a persistência de junho comprova que não se trata de um movimento sazonal.
“Por isso [resultados de junho para julho] a má evolução do setor não decorre apenas de tais eventos excepcionais”, avalia o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), que acrescenta que os resultados vêm “depois de registrar quedas por três anos seguidos, entre 2015 e 2017”.
“Este é um nível de queda dos mais intensos e o pior para um mês de julho desde o início da série em 2011”, completa.
A queda do setor foi acompanhada por quatro das cinco atividades investigadas: transportes, serviços auxiliares e correios (-4%), serviços de informação e comunicação (-2,2%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%) e outros serviços (-3,2%).
Em relação a julho de 2017, tampouco os serviços evitaram o pior e registraram queda de -0,3%.
Regionalmente, a pesquisa do IBGE apresentou que houve retração em 17 dos 27 estados. O destaque veio do Rio de Janeiro – região de grande atividade turística, com recuo de -7% apenas de um mês para outro. Grandes capitais, como São Paulo, a mais desenvolvida delas – registrou recuo de -2,1%. E ainda Minas Gerais (-1,9%).
Atividade x Emprego
Apresentando dados que se contrapõem à queda do volume de serviços, o governo festejou os resultados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho, na quinta-feira (13), nos quais o setor registrou aumento nas contratações.
No entanto, para Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, “não existe geração de emprego nenhuma”. “Em alguns períodos do ano, o comércio sempre contrata de forma sazonal, pontual, mas sabemos que esses dados apresentados pelo governo não refletem a realidade do país. São pessoas contratadas por determinado período”.
“Ao contrário do que o governo diz, o que nós vimos, com a reforma trabalhista, foi o aumento da informalidade, da insegurança. Estamos vendo nos nossos mutirões de emprego, a cara do desempregado, o desespero do desalentado”. “E por isso, todos estão aguardando as eleições ansiosamente, para que haja de fato uma política industrial, uma política de geração de emprego”.
“Tenho certeza absoluta. Somente com um novo Congresso e com um novo governo, que tenha sensibilidade para as questões sociais é que ocorrerá mudança no panorama do emprego”, declarou Patah.
PRISCILA CASALE
Como se dá a mais-valia no setor de serviços?
Propomos, leitor, que você dê uma lida em “O Capital”. Sobretudo no segundo tomo. Mas se você não ler o primeiro, não vai entender o segundo.