Sequência de seis alta seguidas, alavancadas pelo auxílio emergencial, não impediram o recuo de 0,2% em dezembro na comparação com novembro e nem a recuperação das perdas com a pandemia. Setor ainda se encontra 3,8% abaixo do patamar pré-Covid-19
O volume de serviços prestados despencou 7,8% em 2020 na comparação com 2019, a queda mais intensa registrada na série histórica da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), superando a queda de -5% em 2015, a mais intensa neste tipo de indicador, quando o país estava em plena recessão.
De acordo com o instituto, que divulgou na manhã desta quinta-feira (11), houve queda de 0,2% em dezembro na comparação com o mês anterior. Com esse resultado, o ano da pandemia se encerra 3,8% abaixo do patamar de fevereiro, quando foram iniciadas as medidas de controle da Covid-19. No patamar de dezembro, o setor também ficou 14,5% abaixo do seu pico histórico, registrado em 2014.
O setor de serviços representa mais de 70% da formação do Produto Interno Bruto (PIB) do país e foi o mais afetado em 2020. Alguns dias antes, o IBGE divulgou os resultados, também nada animadores, da indústria – cuja queda foi de 4,5%. O comércio, apesar do resultado acumulado positivo de 1,2%, teve o pior ano dos últimos quatro.
“A necessidade do isolamento social, o fechamento de diversos estabelecimentos – seja parcial ou integralmente – considerados não essenciais, o receio de contágio das famílias, a inexistência de uma medicação que combata a Covid-19 e o horizonte de tempo ainda distante de uma vacinação em massa são fatores que atuam como um limitador de uma recuperação mais acelerada do setor, sobretudo, em relação aos de caráter presencial”, avaliou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
O desemprego recorde e o fim iminente do auxílio emergencial contribuíram para que, em dezembro, a atividade de “serviços prestados às famílias” tivesse um tombo de -3,6%.
“Para além de qualquer medida que o governo ou as empresas possam adotar para avançar o setor, nada vai ser mais importante que uma vacinação em massa da população. É impossível dissociar uma recuperação dos serviços da questão sanitária no país”, afirmou Lobo.
No ano, quatro das cinco atividades despencaram. O destaque no acumulado também foi puxado por serviços prestados às famílias, que tombou -35,6%. No segmento estão incluídos restaurantes, hotéis, outros serviços de comida e serviços de atividade física. Outras quedas vieram de de serviços profissionais, administrativos e complementares (-11,4%) e de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-7,7%), que também tiveram quedas recorde no período. Entre os subgrupos, as maiores queda foram em serviços de alojamento e alimentação (-36,8%) e em transporte aéreo (39,9%).