Volume do setor caiu 1,6% em comparação com março, desmentindo o “excesso de demanda” para manter os maiores juros reais do mundo
Depois da queda da produção industrial (-0,6%) e do comércio varejista ampliado (-1,6%), no mês de abril o setor de serviços tombou 1,6% na comparação com março, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (15).
O resultado confirma os efeitos desastrosos do arrocho monetário imposto pelo Banco Central com as maiores taxas de juros do mundo, com a Selic a 13,75% desde agosto do ano passado, restringindo o consumo das famílias e atingindo fortemente o setor de serviços que responde por cerca de 70% do PIB.
A inadimplência das famílias é recorde, mas também a das empresas que sem crédito, sem investimento e sem demanda, também não tem como escoar seus produtos, resultando em estagnação generalizada das atividades econômicas. Não à toa o setor de transporte tombou -4,4% em relação a março, se destacando como a principal influência em abril.
“Vários segmentos de serviços dentro desse setor acabaram por gerar um impacto negativo: gestão de portos e terminais, transporte rodoviário de cargas, rodoviário coletivo de passageiros e transporte dutoviário. Esses segmentos tiveram importância no âmbito do volume de serviços como todo, ultrapassando a fronteira do próprio setor”, analisa Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa.
A retração foi acompanhada por quatro das cinco atividades investigadas. Além de transportes, recuaram os serviços de informação e comunicação (-1,0%), dos profissionais, administrativos e complementares (-0,6%); e dos outros serviços (-1,1%).
A única variação positiva no mês foi dos serviços prestados às famílias (1,2%), que recuperaram parte da perda acumulada (-2,2%) entre fevereiro e março.
No acumulado no ano o volume de serviços ficou em 4,8% e o acumulado nos últimos 12 meses passou de 7,3% em março para 6,8% em abril, menor resultado desde agosto de 2021 (5,1%).