Os dados de abril sobre o volume de serviços prestados no país divulgados hoje (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam que o setor vai de mal a pior em 2019, assim como os demais setores da economia.
O número de abril – apesar de ter interrompido uma sequência de três resultados negativos ao registrar 0,3% – é o pior para o mês desde 2016 e ficou abaixo do que foi registrado em 2018 (0,8%) e 2017 (1%). Na comparação com abril do ano passado, houve queda de 0,7%.
Assim, o volume total de serviços no país em abril ficou 1,4% abaixo do que operava em dezembro do ano passado e segue 11,9% abaixo de seu pico histórico, alcançado em janeiro de 2014.
O instituto também retificou nesta pesquisa os dados do primeiro trimestre de 2019, apontando para quedas mais intensas do que as divulgadas anteriormente. Em janeiro, a queda foi revisada de -0,4% para -0,6%; e em março, de -0,7% para -0,8%.
Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa, enfatizou que na comparação anual (mês contra igual mês do ano anterior), abril registrou o segundo resultado negativo após 7 altas consecutivas. “É essa taxa que ajuda a compor os resultados acumulados [no ano e em 12 meses]. São estes que demonstram a perda de fôlego do setor”, explicou.
O setor que responde por cerca de 70% da formação do Produto Interno Bruto (PIB) do país agoniza, ao mesmo tempo que o desemprego e o subemprego crescem atingindo 28,4 milhões de pessoas em abril. Isso inibe os serviços prestados às famílias e se desdobra na baixa contratação de serviços profissionais pelas empresas.
Na passagem de março para abril, que resultou em 0,3%, ou praticamente zero, no setor de serviços, deu-se, segundo o IBGE, graças a shows e espetáculos realizados no mês, o que não se repete no mês seguinte, como os grandes espetáculos no período, em especial o Lollapalooza, em São Paulo, e o Cirque du Soleil, no Rio de Janeiro. Segundo o instituto, os shows contribuíram para que os serviços prestados às famílias – hospedagem, alimentação e gestão de espaços para eventos – registrassem 0,1% no mês, o que também significa praticamente zero.
Os serviços de transportes tiveram recuo de 0,6% na comparação com março, influenciados principalmente pelo transporte de cargas, tanto rodoviário, quanto ferroviário, além da queda de receita das empresas de transporte aéreo de passageiros, diz o IBGE. Frente a abril de 2018, o setor recuou 5% e exerceu o maior peso negativo no resultado geral dos serviços, que caiu 0,7%.
No acumulado de janeiro a abril, os transportes tiveram a maior influência negativa (-2,5%). “O recuo no volume dos transportes de carga reflete a queda na produção industrial. Quanto menos bens produzidos, menos carga para transportar. No caso dos transportes de passageiros, a inflação também é parcialmente responsável pela redução”, diz o IBGE.
Economia no fundo do poço
Além dos serviços, o IBGE divulgou nos últimos dias resultados desoladores para a composição do cenário de 2019 da indústria e comércio. A indústria brasileira já acumulou perdas da ordem de 2,7% apenas nos primeiros quatro meses do governo de Bolsonaro, enquanto o comércio teve em abril o seu pior desempenho desde 2015 e uma queda de 0,6% apenas na passagem de março para o quarto mês do ano.
Não tardou para que em apenas três meses as expectativas de crescimento despencassem, dados os resultado desastrosos e a manutenção da política econômica de ajuste e arrocho. O PIB recuou 0,2% no período e as expectativas do mercado para a economia – que começaram o ano em 2,5% – agora não passam de 1%.