O setor público desviou para os bancos sob a forma de juros R$ 89,202 bilhões no primeiro trimestre do ano. Divulgado pelo Banco Central (BC) na segunda-feira (30), o relatório fiscal ainda revela que nos doze meses encerrados em março, os bancos embolsaram um total de R$ 379,538 bilhões – ou o equivalente a 5,73% do PIB (Produto Interno Bruto). Esse número considera os gastos com juros do governo Central e regionais e estatais. Só no mês de março, foram transferidos para os bancos e demais rentistas a quantia de R$32,5 bilhões.
Enquanto o governo desvia esse montante de recursos para o pagamento de juros, o investimento público chegou em 2017 ao menor nível dos últimos 50 anos e, quando descontada a depreciação de ativos, foi até negativo (ver matéria no site).
Recitando o mantra do ajuste e do equilíbrio de contas, os governos de Dilma e Temer levaram o país para uma das mais graves recessões da história e passaram a tesoura também na saúde e educação, enquanto as instituições financeiras batem lucro recorde.
No mesmo período em que quase R$ 90 bilhões foram transferidos para pagamento de juros (período de janeiro a março de 2018), o Tesouro transferiu à pasta da Educação míseros R$ 5,532 milhões.
Com o Brasil tendo que enfrentar uma perigosa epidemia de febre amarela em ambientes urbanos, o total de recursos transferidos para o Ministério da Saúde não chegou nem a 10% do que o parasitário setor financeiro embolsa. Nos primeiros três meses de 2018, apenas R$ 24.892 milhões foram efetivamente empenhados com as chamadas despesas discricionárias, ou seja, que são despesas de custeio e manutenção.
PRISCILA CASALE