Lideranças buscam apoio ao ex-presidente entre nomes do empresariado e do mercado. Campanha de Lula ganhou contornos de frente ampla
Com os dois pés na campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ex-candidata e senadora Simone Tebet (MDB-MS) se uniu à deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) e ao economista Armínio Fraga numa ofensiva pelo voto indeciso.
Os três participaram na noite de segunda-feira (17) de encontro em São Paulo com empresários e profissionais do mercado financeiro.
Segundo pesquisas recentes, os indecisos representam 2% dos eleitores e aqueles que pretendem votar em branco ou nulo, 5%, segundo o último levantamento do Ipec. Com a estabilidade dos números, o percentual é disputado num cabo de guerra entre Lula e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.
Para o evento desta segunda, uma das organizadoras, a ambientalista Teresa Bracher convidou banqueiros, empresários e CEO na casa dela, na Zona Oeste de São Paulo.
“A democracia já está fragilizada. Desde o primeiro dia do governo Bolsonaro. Eu estava lá em Brasília. O governo coloca uma instituição contra outra. E hoje já domina o Legislativo com o orçamento secreto. Poderá aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal e concentrar mais poder, acovardar os ministros do STF e, talvez, até implanta um terceiro mandato”, afirmou Simone Tebet.
“Sempre acreditei no caminho liberal e solidário para o desenvolvimento do País. Eu nunca votei no Lula. A realidade do bolsonarismo acabou se impondo. A mudança do meu voto espelha o medo da deterioração da democracia. Se havia alguma dúvida, isso desapareceu. Vou votar no Lula sem qualquer condição”, afirmou Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso.
A ex-ministra do Meio Ambiente de Lula, Marina Silva, afirmou ter três razões para votar e Lula: o primeiro é o compromisso com a democracia, a segunda é o “imperativo ético” de combate às desigualdades e, terceiro, estabelecer um processo de transição para um modelo de desenvolvimento sustentável com a transição para uma economia de baixo carbono.
CONVIDADOS
O encontro reuniu cerca de 650 pessoas. Ana Paula Guerra, Maria Stella Gregori, Marisa Salles, Neca Setubal e Tomas Alvim também estavam à frente da reunião.
FRENTE AMPLA DEMOCRÁTICA
Ex-presidentes da República, ex-presidentes do STF (Supremo Tribunal Federal) e outras tantas figuras no mundo político apoiam o presidenciável da Federação brasil da Esperança – PT, PCdoB e PV – e outras sete legendas.
O ato dos três reforça outro, realizado antes do primeiro turno, em 19 de setembro, quando Lula reuniu oito ex-presidenciáveis em encontro em São Paulo para formar a “frente ampla pela democracia”. Acompanharam o presidenciável desde antigos aliados até opositores históricos, de diferentes espectros políticos.
Compareceram ao evento: Cristovam Buarque (Cidadania), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSB) — vice da chapa de Lula —, Guilherme Boulos (PSol), Henrique Meirelles (União Brasil), João Goulart Filho (PCdoB), Luciana Genro (PSol) e Marina Silva (Rede).
Na ocasião, os participantes reforçaram que era preciso deixar desavenças políticas e pessoais para trás em nome da defesa da democracia. Ex-ministros de Lula, Cristovam, Marina e Meirelles se afastaram do ex-presidente após deixarem o governo e só se reaproximaram recentemente.
“O que vocês estão fazendo com o gesto de hoje é assumindo um compromisso, mas não é um compromisso com Lula — é um compromisso que esse país vai voltar a viver democraticamente. As pessoas vão voltar a conviver democraticamente nesse país. Não é o Presidente da República e sua assessoria que diz o que é bom para a sociedade”, afirmou Lula, na ocasião.
Na ocasião, o ex-presidente Lula expressou o caráter da campanha nesta reta final, que ganhou contornos de ampla frente democrática: “juntar os divergentes para vencer os antagônicos.”