Após o ‘cancelamento’ do escritor Dostoiévski e do compositor Tchaikovsky, o frenesi antirrusso nos países imperialistas centrais atingiu agora o cosmonauta soviético Yuri Gagarin, o primeiro ser humano a ir ao espaço, informou o portal Futurism, sobre a decisão de uma conferência da indústria espacial norte-americana de apagar o nome dele do evento.
Tradicionalmente chamado de “Yuri’s Night” [Noite do Yuri], o evento de arrecadação de fundos realizado pela Space Foundation, uma organização norte-americana sem fins lucrativos fundada em 1983, teve o nome mudado para “A Celebration of Space: Discover What’s Next” [Uma Celebração do Espaço: Descubra o que Vem a Seguir].
O que foi explicado, em nota, “à luz dos eventos mundiais atuais” (isto é, o conflito Rússia-Ucrânia).
Em suma, o nome de Gagarin foi censurado por “ser russo” em um simpósio espacial. “O foco deste evento de arrecadação de fundos permanece o mesmo – celebrar as conquistas humanas no espaço enquanto inspira a próxima geração a alcançar as estrelas”, explicou a fundação em um comunicado, que em seguida foi excluído.
O Simpósio Espacial acontece toda primavera em Colorado Springs (EUA). Este ano o evento, que inclui diversos seminários, palestras, fóruns, leilões e outras atividades, irá acontecer de 4 a 7 de abril.
Eventos ‘Noite do Yuri’ acontecem todos os anos em centenas de locais em todo o mundo. Ainda não se sabe quantos desses eventos ocorrerão este ano e se algum outro também mudará de nome.
A decisão chocou não apenas pessoas da indústria espacial, mas também usuários comuns, que chamaram a ação de “realmente burra”, registrou o portal Sputnik.
A conta NASA Watch no Twitter chamou a censura de “má ideia”, com usuários comentando que é “uma pena que os preconceitos raciais e étnicos da @SpaceFoundation a levem a negar a história”.
“Literalmente, todo o objetivo da Noite do Yuri é celebrar conquistas no espaço entre culturas e nações. Além disso, a Rússia não é a URSS???”, escreveu outro usuário.
A controvérsia sobre o “cancelamento” de Yuri Gagarin também eclodiu em Mondorf-les-Bains, em Luxemburgo, onde um monumento a ele foi coberto com pano.
O prefeito alegou que foi procurado por um grupo de pessoas que exigia a retirada do busto e a medida foi para “acabar com as discussões e proteger o busto de possíveis vandalismos”. Para ele, “a invasão não pode ser apoiada, mas Yuri Gagarin certamente não é culpado por isso, nem a arte russa”.