
O Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) denunciou ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) práticas abusivas da Sabesp que, segundo a entidade, têm resultado em demissões em massa, assédio moral e precarização das condições de trabalho.
A principal denúncia levada ao MTE, em reunião realizada nesta semana na Superintendência Regional em São Paulo, foi sobre o chamado “PDV Dirigido”. De acordo com a entidade, o programa configura-se como um Plano de Demissão Obrigatória (PDO), utilizado para pressionar trabalhadores a deixarem a empresa sob coação. “Não é um Plano de Demissão Voluntária. Isso é assédio coletivo e uma política de demissão forçada”, afirma o presidente do Sintaema, José Faggian.
O Sintaema também apresentou ao ministério uma série de outras denúncias graves envolvendo a gestão da Sabesp:
– Prática sistemática de assédio e pressão sobre trabalhadores para adesão ao plano de desligamento;
– Ocorrência de mortes e acidentes graves entre funcionários terceirizados, atribuídas à negligência da empresa na fiscalização dos contratos;
– Descumprimento de acordos em Estações de Tratamento de Água, especialmente no que diz respeito à ausência de operadores volantes para cobrir os turnos de almoço;
– Crescente risco de adoecimento mental entre os trabalhadores diante de um ambiente marcado por insegurança, assédio e deterioração das condições laborais.
Para o sindicato, essas práticas refletem um projeto deliberado de desmonte da estatal, acelerado após o processo de privatização. “Não se trata de má gestão, mas de uma estratégia para garantir lucro a acionistas, mesmo que isso custe o emprego e a saúde dos trabalhadores”, denunciou Faggian.
O superintendente do MTE em São Paulo, Marcus Alves Mello, reconheceu a gravidade das acusações e informou que o Ministério Público do Trabalho (MPT) será acionado para apurar as denúncias de assédio relacionadas ao PDO. Mello também destacou que a fiscalização será reforçada com a contratação de 300 novos auditores fiscais do trabalho a partir de 2026.
Para o Sintaema, a reunião representa um avanço na luta contra os impactos da privatização da Sabesp. “Cada denúncia apresentada é prova de que a luta organizada é a única saída contra a violência patronal. E nós não vamos recuar”, concluiu o presidente do sindicato.