Os trabalhadores da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) estão enfrentando uma onda de demissões após o encerramento do prazo de estabilidade de 18 meses depois que a empresa de saneamento foi privatizada, em 2022.
O leilão da Corsan, realizado pelo governador Eduardo Leite, quando a Aegea arrematou a empresa, foi amplamente repudiado pela população e questionado em diversas ações na Justiça.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do RS (Sindiágua/RS), cerca de 200 trabalhadores já foram desligados até terça-feira (14), inclusive dirigentes e delegados sindicais, integrantes da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) e funcionários em pré-aposentadoria.
Segundo a empresa, foi iniciada a “redefinição do quadro de colaboradores” como medida estratégica que integra o processo de adequação à gestão privada.
“Trabalhamos incansavelmente para que a privatização não acontecesse. Sabemos que a lógica da empresa privada é isso, demissão em massa dos trabalhadores em dois ou três meses depois do processo consolidado”, afirma o presidente do Sindiágua, Arilson Wünsch. “Graças à luta coletiva da categoria, conseguimos estender a estabilidade por 18 meses, uma estabilidade considerada inédita tratando-se de privatizações no Brasil e com a possibilidade de conversão em indenização, caso assim o empregado optasse, e percebemos que muitos optaram por esse caminho”, complementa o sindicalista.
O sindicato está orientando os trabalhadores com algum tipo de estabilidade para que não assinem o formulário de demissão, coloquem duas testemunhas e procurem a direção sindical. “Ainda estamos analisando todas as possibilidades jurídicas, mediante o número elevado de desligamentos ocorridos de uma única vez”, destacou.
Para o sindicato, a Aegea, que venceu 7 dos 13 últimos leilões da área no Brasil, “vem fazendo caixa e ampliando seus lucros às custas da população das dezenas de cidades onde atua, com altas tarifas cobradas pela água, o que vem sendo alvo de ações judiciais em alguns locais”.