
Entidade adverte para os riscos que a operação implica para a sociedade brasileira e questiona o contorno da legalidade no processo. No fundamental, compra do privado Banco Master pelo público BRB expressa, mais uma vez, a socialização dos prejuízos
Tomando como base análises elaboradas pelo Dieese, o Sindicato dos Bancários de Brasília (Bancários-DF) enviou ofícios aos 24 deputados distritais pressionando contra a compra do Banco Master pelo Banco Regional de Brasília (BRB).
A novela do Banco Master – novela pois está cheia de tramas e interesses escusos – começou na última semana com o anúncio da negociação avaliada em cerca de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões para incorporar a instituição financeira privada ao BRB, sem que o banco público assum o seu controle.
O ofício do Bancários-DF alerta para a série de riscos financeiros que a negociação fomenta não apenas ao BRB, mas ao sistema financeiro nacional como um todo. O risco de liquidez, a alta exposição aos Fundos Garantidores de Crédito (FGC), a elevada dependência em poucos clientes, a incerteza dos resultados do Master no longo prazo e a transferência de passivos de um banco privado para um banco público são os principais riscos destacados pela entidade: “Esses pontos são preocupantes não apenas para os trabalhadores do setor bancário, mas também para a cidadania e a sociedade como um todo, que podem ser afetados por eventuais consequências financeiras dessa fusão”.
A gestão temerária e o apetite por ativos de alto risco descrevem a atuação do Banco Master no mercado. Por isso, entre os pontos elencados acima, o que mais chama a atenção é a transferência de passivos do setor privado para o setor público. Objetivamente, é um movimento de socialização dos prejuízos!
Outra crítica dos Bancários é sobre a legalidade dessa transação. A compra do Master contorna a Lei das Estatais, segundo a qual qualquer operação que resulte na participação de uma empresa privada em uma empresa pública – como é o caso da fusão dos bancos – depende de autorização legislativa de órgãos competentes, neste contexto a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) e assembleia-geral do BRB.
Os riscos econômicos implicados, a desconsideração pelo devido processo legal, a possível socialização dos prejuízos e a privatização dos lucros descrevem a novela do Master. A atuação com pulso forte do Banco Central, amparada na legalidade, é imperativa para que esta novela tenha um final feliz para a sociedade brasileira – e não apenas para os financistas.