OS sindicatos franceses convocaram para a próxima terça-feira (18) uma mobilização nacional em defesa dos salários sob erosão acelerada diante do surto inflacionário que a França vive desde que foram aplicadas as sanções instigadas por Washington contra a Rússia.
A convocação também chama os trabalhadores a tomarem as ruas para defender os direitos trabalhistas, incluindo o direito à greve, atacada pelo governo de Emmanuel Macron que vem ameaçando os grevistas das refinarias do país, paralização que tem provocado escassez de combustíveis e com filas quilométricas de veículos, com motoristas procurando abastecer-se, em meio ao caos generalizado.
“Enquanto obtém enormes lucros, as empresas da indústria petroleira, particularmente a Total e a Esso, se negam a atender as demandas dos empregados que se mobilizam massivamente pela abertura imediata de negociações sérias”, afirma a conclamação assinada por entidades como a Confederação Geral do Trabalho (CGT), a Força Operária e a Federação Sindical Unitária (FSU).
O tom ameaçador aumenta à medida em que ganha força a paralisação dos trabalhadores das refinarias o porta-voz do Executivo, Olivier Verán, explicitando que ou os petroleiros abandonam as suas bandeiras ou “do contrário, assumiremos nossas responsabilidades e nos veremos obrigados a intervir”.
Até o momento, quatro das sete refinarias francesas estão em greve para exigir um aumento salarial de 10% – sendo 7% para compensar o impacto da inflação e 3% como distribuição de benefícios mediante o crescimento dos lucros do setor.
Conforme os Sindicatos, “a situação de intransigência patronal provocou uma ampla escassez de petróleo”. De acordo com o governo, cerca de 30% dos postos já se encontram completamente sem combustíveis.
“A mobilização está chegando a cada vez mais amplos setores. tanto do público como privado. A ação de todos através dos seus sindicatos é o que permitirá a abertura de novas negociações e importantes avanços salariais. Agora é o momento de mobilizarmos todos os setores profissionais”, assinalaram as entidades.
As centrais rechaçaram a decisão do governo de realizar a convocação forçosa de trabalhadores das refinarias que se encontram em greve.
“Este procedimento já condenado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) representa um ataque inaceitável ao direito constitucional de greve e às liberdades fundamentais”, acrescentaram as centrais.