Com o avanço das forças sírias para libertar um dos últimos redutos de terroristas entrincheirados na região de Guta Oriental, há, mais uma vez, uma propagação de notícias falsas atribuindo às Forças Armadas da Síria o assassinato de civis
perpetrado pelos bandos que tentavam desestabilizar o governo sírio e que, apesar do farto armamento e financiamento, colhem derrota sobre derrota.
Entre os estratagemas midiáticos para socorrer os terroristas do colapso, está em curso a divulgação de fotos pelas redes sociais retratando o sofrimento dos sírios, que estariam a mercê de bombas-barril e outras barbaridades.
No entanto, a exemplo do que diz o ditado, de que “toda mentira tem pernas curtas”, os próprios fotógrafos, entrevistados por jornalistas que prezam a verdade, estão apresentando desmentidos em série, esclarecendo que essas supostas “imagens documentais” não coincidem nem em tempo, nem em local, com as legendas que as acompanham.
Assim, pode-se dizer que a fraude foi fotografada. As fotos ao lado – algumas atribuídas pela rede RT, como originárias de um “usuário de Cleveland, Sami Sherpak” – com a verdadeira situação correspondente são, de cima para baixo, conforme informações pesquisadas e divulgadas pelo jornal O Globo e o site The Quint, entre outros:
1. Um bombardeio israelense sobre Gaza, no ano de 2014, atribuído a forças do governo Assad “sobre casas sírias”. A foto é de Sameh Nidal Rahmi.
2. A segunda foto “viralizou” nas redes sociais e tinha como legenda: “Pai corre com filha no colo para tentar protegê-la da guerra na Síria”, mas é uma fotografia feita em março de 2017, na cidade de Mossul, no Iraque, sob bombardeio norte-americano.
3. Uma montagem de um artista sírio, Tamam Azzam, fotografada, circulou com os dizeres: “A Estátua da Liberdade reconstruída por um artista sírio com os destroços da própria casa, destruída por um bombardeio do governo.” Tamam esclarece que postou “esse trabalho com a legenda de que se tratava de uma montagem, a partir de recortes de fotos, mas foi utilizado de uma maneira completamente diferente. Era uma maneira de retratar a esperança, de que, em meio a tantos bombardeios, haveria uma chama de liberdade”.
A notícia falsa não é algo que afeta diretamente minha arte, mas afeta a mente das pessoas”.
4. O fotógrafo Abdul Aziz Al Otaibi, fotografou uma montagem com um garoto entre dois túmulos que representaria a perda de seu pai e sua mãe. Otaibi esclareceu que fez a foto para retratar a dor das perdas na guerra, só que ela foi tirada em Iambo, cidade portuária na Arábia Saudita. A foto foi divulgada com a legenda: “Menino sírio deitado entre os túmulos de seus pais”.
5. Vendo o mal uso de sua foto, ele divulgou fotos de seu sobrinho que aparece descontraído durante os preparativos para fazer o trabalho artístico.
Como está em matéria que publicamos na edição anterior, também houve a foto de uma menina, com o rosto sujo para dizer que ela passava pelos horrores da guerra sem saber o que de fato acontecia. O fotógrafo, Al Sabouni, disse que a menina era, de fato, síria, por nome Sidra, mas que “está bem e vive com sua família na cidade de Homs”. Ele postou então outras fotos com Sidra tranquila e feliz junto com familiares.
NATHANIEL BRAIA