Snowden: prosaicos grilos em Cuba viram potente ‘arma acústica’ na versão da CIA

No afã de mentir contra Cuba, agentes da CIA na embaixada em Havana "confundiram" som dos grilos com arma sônica desse tipo. (Publicada no site Atalyar)

CIA acaba admitindo – em investigação preliminar – que os tais grilos perto da embaixada em Havana não fazem parte de ‘um complô global coordenado por um país hostil

Após investigação preliminar da CIA concluir que a ‘síndrome de Havana’ não foi resultado de uma campanha global coordenada por um país hostil, o ex-agente da NSA e da CIA, Edward Snowden, zombou, nas redes sociais, das “36.000 matérias furiosas” com que a mídia imperial tratou a questão, e comparou a situação à insanidade do personagem chave de Dr. Strangelove, o demente general Ripper, no auge da Guerra Fria, magnificamente retratada no clássico de Stanley Kubrick.

“FLUIDOS CORPORAIS”

No filme, o general ianque justifica ataques nucleares arbitrários à União Soviética pela necessidade de frustrar “a conspiração comunista internacional para minar e tornar impuros todos os preciosos fluidos corporais [do povo americano]”, como lembra o atento Snowden, que foi o principal denunciante do esquema norte-americano de grampeamento mundial.

A conclusão preliminar agora anunciada contradiz as declarações anteriores de funcionários dos EUA de que “a Rússia estaria por trás disso”.

Snowden observou, ainda, como a mídia apresentou de forma análoga apresentou a ‘síndrome de Havana’ como resultado de um “complô secreto” da Rússia, com uso de arma sônica, ao mesmo tempo em que retratava esta última como uma potência hostil semelhante à União Soviética nos anos da Guerra Fria.

Snowden, em sua postagem, assinalou que os autores de tais matérias deveriam fazer uma pausa e refletir sobre como seu trabalho afetou o discurso em torno do problema.

A investigação sobre a síndrome ainda está em andamento e, embora a CIA tenha encontrado uma explicação convincente e plausível para a maioria dos casos, não foi descartada de vez “a possibilidade do envolvimento de um ator estatal”.

Isto é, Washington ainda não desistiu definitivamente de aproveitar o faniquito como pretexto para uma provocação contra algum país.

A síndrome, que inclui náuseas, dores de cabeça e danos cerebrais após ouvir sons penetrantes, recebeu o nome da capital cubana porque os diplomatas americanos – melhor dizendo, agentes da CIA na maioria – lá instalados, foram os primeiros a relatar os sintomas.

Dependendo da teoria preferida, a síndrome seria provocada desde por grilos até por uma sofisticada “arma de energia”, que possivelmente funcione pelos mesmos princípios físicos atribuídos por certos paranóicos aos chips “implantados sob a pele” – ou mais recentemente, via vacina.

Foi a ‘teoria’ da ‘arma de energia’ que dominou a narrativa das autoridades dos EUA desde que a síndrome foi relatada pela primeira vez em 2018, com a Rússia sendo apontada como principal suspeita, apesar da falta de evidências. O que Moscou, claro, sempre negou.

Especialistas atribuíram a síndrome mais provavelmente a algum tipo de colapso emocional, cujas condições eram pré-existentes à mudança para Havana. Posteriormente, possivelmente em razão do alarido sobre a questão, outros agentes da CIA menos centrados, em vários locais do mundo, por “contágio”, passaram a descrever os mesmos sintomas.

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