
O governo chinês enfatiza que Taiwan faz parte do país e os EUA não podem manipular a história removendo a frase “não apoiamos a independência de Taiwan” do site do Departamento de Estado.
“Só existe uma China no mundo, Taiwan faz parte da China e o Governo da República Popular da China é o único governo legal que representa toda a China”, enfatizou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, em uma entrevista coletiva na segunda-feira (17), sobre a retirada, no site do Departamento de Estado, pelo governo Trump, da frase, que antes estava lá postada, “não apoiamos a independência de Taiwan”.
Guo disse que “não se pode manipular a história, não se pode negar os fatos ou distorcer a verdade” em relação ao status de Taiwan.
Ele acrescentou que há um consenso internacional em vigor e também um compromisso solene assumido pelos Estados Unidos nos três comunicados conjuntos com a China, nos quais Washington “reconhece o Governo da República Popular da China como o único governo legítimo que representa toda a China” e “reconhece a posição chinesa de que há apenas uma China no mundo e Taiwan faz parte dela”.
O porta-voz chinês enfatizou que a recente “atualização” da ficha informativa sobre Taiwan pelo Departamento de Estado dos EUA é um sério recuo na posição dos EUA sobre questões relacionadas a Taiwan e envia um sinal seriamente enganoso às forças separatistas em favor da suposta “independência de Taiwan”.
“Este é outro exemplo dos EUA mantendo sua política equivocada de ‘usar Taiwan para conter a China’”, acrescentou.
Guo instou Washington a “corrigir seus erros, respeitar o princípio de ‘uma China’ e os três comunicados conjuntos China-EUA”, para evitar mais danos sérios às relações China-EUA e à paz e estabilidade no Estreito de Taiwan.
Como a China tem deixado claro, a reunificação de Taiwan com a China é, sob esse aspecto, a última tarefa da superação do século de humilhações, quando as potências imperialistas pilharam a milenar nação asiática, usando a divisão para fins de dominação.
Provocações anteriores, seja por visitas oficiais ou por provocações no Estreito de Taiwan, foram respondidas pela China com ensaios do bloqueio a qualquer tentativa dos EUA de interferir nas questões internas que só aos chineses cabe resolver.
A política de Um País, Dois Sistemas, já aplicada pela China com sucesso em relação a Hong Kong e Macau, respectivamente ex-colônias britânica e portuguesa, é a oferta de Pequim à ilha, como desdobramento do Consenso de 1992, que tem como núcleo “persistir no princípio de Uma Só China” e como método “buscar pontos comuns e respeitar as divergências” entre os dois lados do Estreito.
LINHA VERMELHA
Como destacou o Congresso Nacional do Povo em documento de 2022, “a questão de Taiwan está no cerne dos interesses centrais da China, a base da fundação política das relações China-EUA e a primeira linha vermelha que não deve ser cruzada nas relações China-EUA.”
“A soberania e a integridade territorial da China não toleram violação ou separação. A Lei Anti-Secessão, formulada e promulgada pelo Congresso Nacional do Povo, tem estipulações claras sobre questões importantes, incluindo a adesão ao princípio de Uma Só China, dissuasão de atividades secessionistas que buscam a ‘independência de Taiwan’ e oposição à interferência de forças externas na questão de Taiwan”.
“O princípio de Uma Só China é um consenso universal da comunidade internacional e uma norma básica nas relações internacionais, e constitui a pré-condição e fundamento para a China e os Estados Unidos estabelecerem e desenvolverem relações diplomáticas”, sublinhou por sua vez a diplomacia chinesa, apresentando a resolução 2758 da Assembleia Geral da ONU, que restabeleceu no Conselho de Segurança da ONU o governo de Pequim, posto que foi usurpado por duas décadas pelo regime do Kuomitang refugiado em Taiwan (sob proteção da frota norte-americana), como “o documento político que encapsula o princípio de Uma Só China, cuja autoridade legal não deixa margem para dúvidas e tem sido reconhecida mundialmente”.
Ao restabelecer e normalizar as relações com a China em 1979, o então presidente Jimmy Carter reconheceu formalmente o princípio de “Uma Só China”. “Este é um fato indiscutível, apoiado pela história e pela lei. Taiwan nunca foi um estado; seu status como parte da China é inalterável”, reitera o Livro Branco, que aponta que o PCCh está comprometido com “a missão histórica de resolver a questão de Taiwan e realizar a reunificação completa da China”.