
Luiz Soares de Oliveira, eleito presidente da Federação Nacional dos Metroferroviários (Fenametro), declarou, em entrevista ao HP, que a solidariedade em apoio à mobilização da categoria freou a privatização do metrô em Pernambuco. Soares foi eleito no 9º Congresso da entidade, realizado de forma híbrida, nos dias 7, 8 e 9 de fevereiro, em São Paulo. Para o dirigente sindical, “a gestão frente ao sindicato de Pernambuco, nos últimos três anos, valeram mais do que palavras. Serviu de exemplo”.
Segundo o presidente da Federação, “conseguimos a suspensão do processo de privatização em dois momentos – um, ainda no governo de Bolsonaro, e outro no início do governo Lula – todos alcançados com muita luta e unidade, muita articulação política no estado de Pernambuco e em Brasília. A pauta ampla e um movimento amplo, envolvendo vários segmentos da sociedade como CREA, OAB, universidades, movimento estudantil, sindical etc, abriram o caminho”.
Oliveira avalia que “além da defesa de um transporte público, de qualidade, estatal e com participação dos Municípios, Estados e União, ou seja, cada um com sua obrigação, essa vitória foi muito importante também para garantir a tarifa zero”, completou.
Para o dirigente, “tarifa zero é um direito social de todos os brasileiros desse país, garantido na Constituição. É um direito social, como educação, saúde e assistência social. Essa atitude nos levou a contar como apoio da maioria dos delegados e delegadas congressistas”.
Luiz Soares ressaltou ainda a luta contra a terceirização. “É um processo de fragilização da categoria e do Metrô, em que se trocam funcionários por trabalhadores não concursados”.
Para Soares, o movimento sindical vive um momento de refluxo. “A empresa usa o discurso de que todos são colaboradores, como se todos fossem sócios. Não tem mais o trabalhador, ou o proletariado. Isso é uma luta ideológica para esconder quem fica com os resultados do que foi produzido. O movimento sindical vem perdendo esse debate para o patronato. O trabalhador não se vê como classe”.
“Outro fator é como você reivindica. Se a luta for meramente corporativa, pode se considerar falido nesse debate. É necessário ter uma pauta ampla com o movimento amplo, ou seja, envolver a sociedade nas reivindicações e, mais uma vez, Recife deu o exemplo: Metrô de qualidade, estatal federal, com tarifa zero ou social de R$ 2,00 e valorização do trabalhador”.
Sobre a queda nas pesquisas do presidente Lula, Luiz Soares avalia que “o governo não deu as respostas no tempo da população”. Para o presidente da Federação, “temos um governo com um projeto amplo que termina enveredando para o caminho da direita e, em alguns casos, retirando direitos históricos. Por exemplo, as reformas de Temer e Bolsonaro. Enquanto o governo não der as respostas para população, vai ter uma avaliação negativa”.
Soares ponderou ainda que o presidente Lula foi eleito numa aliança bastante ampla e tinha que ser ele. “Se fosse outra liderança não tinha sido eleito. A disputa era da democracia contra o fascismo. Acredito que nesse terceiro ano do governo as coisas vão se arrumar. O movimento sindical sempre apoiou Lula, visto que ele foi sindicalista e a sua pauta foi a que mais aproximou das nossas lutas”.
“Mas nosso povo é imediatista, quer ver a coisas acontecerem no outro dia e a vida nem sempre é assim”, concluiu.
CARLOS PEREIRA