De acordo com os donos das cervejas Itaipava, Crystal e Petra, Selic em 13,75% gerou impacto de cerca de R$ 395 milhões no caixa da empresa
A cervejaria Petrópolis, dona das marcas Itaipava, Crystal e Petra, é mais uma companhia a entrar com pedido de recuperação judicial. A empresa aponta insolvência para pagamento de dívidas que somam R$ 4,2 bilhões, sendo 48% delas com instituições financeiras e 52% com fornecedores e terceiros.
No documento protocolado na Justiça do Rio de Janeiro na segunda-feira (27), o grupo justica que a alta taxa de juros, atualmente em 13,75%, foi determinante para o cenário atual e prejudicou sua liquidez financeira – elevando seu endividamento e trazendo impacto de pelo menos R$ 395 milhões por ano no fluxo de caixa da companhia.
Além do impacto sobre a capacidade financeira e de investimentos das empresas, a taxa básica de juros (Selic) prejudica diretamente o consumo com o encarecimento do crédito e aumento do endividamento das famílias.
Apontado como um dos fatores de inibição do crescimento econômico, a Selic nos patamares atuais – a maior do mundo – tem sido alvo de críticas do presidente Lula, ministros, empresários e economistas. Apesar disso, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) decidiu na semana passada manter a taxa a 13,75% o ano.
Na petição em que a Petrópolis pediu recuperação, o grupo ainda argumenta que teve queda de 23% nas receitas em 2022 – atribuindo os resultados à redução das vendas devido ao freio do consumo. Ao mesmo tempo, os custos do setor subiram e, ainda segundo a defesa da Petrópolis, não foram repassados ao consumidor.
“A combinação desses fatores, exógenos e alheios ao controle das requerentes, gerou uma crise de liquidez sem precedentes no Grupo Petrópolis, que comprometeu seu fluxo de caixa a ponto de obrigá-lo a buscar a proteção legal com o ajuizamento deste pedido de recuperação judicial”, diz o documento.
Nesta terça (28), a 5ª Vara Empresarial da Justiça do Rio deferiu uma medida cautelar para antecipar os efeitos da recuperação judicial e impediu a cobrança de dívidas do grupo. Além disso, nomeou os administradores judiciais e determinou a liberação dos recursos da companhia pelo Banco Santander, Fundo Siena, Daycoval, BMG e Sofisa.