“A indústria de transformação parou (+0,1%)”, destaca o instituto. “A indústria total foi quem mais perdeu fôlego, registrando +0,8% no 3º trim/22, isto é, metade do que havia crescido no trimestre anterior”
A participação da indústria de transformação no PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre do ano foi bastante impactada pela elevação das taxas de juros no país, amplamente prejudicada pela política econômica de investimento zero e da situação econômica agravada pela inflação e queda nos investimentos.
“O PIB da indústria de transformação ficou estagnado no terceiro trimestre deste ano (+0,1%), influenciando a desaceleração da indústria total (+0,8%), em comparação com o resultado do segundo trimestre (+1,7%)”, destacou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
“Como esperado, o dinamismo do PIB no 3º trim/22 perdeu ritmo, a despeito das medidas anticíclicas adotadas pelo governo, como a liberação do FGTS e o aumento do Auxílio Brasil, por exemplo. A variação de +0,4%, já descontados os efeitos sazonais, foi menos da metade do resultado do 2º trim/22 e quase 1/3 da alta do 1º trim/22. Contribuíram para isso, entre outros fatores, os efeitos diferidos da elevação das taxas de juros no país. Como é produtora de muitos bens duráveis, cujos mercados demandam financiamento, a indústria de transformação foi bastante impactada”.
Para o Instituto, tomando por medida o desempenho do setor produtivo, 2022 é um ano de perdas. Em análise ao resultado do PIB no terceiro trimestre, que variou apenas 0,4%, o instituto ressalta que a indústria de transformação ficou praticamente parada, enquanto o setor geral só avançou 0,8% por conta da atividade da construção. Do lado da oferta, foi o componente que teve o pior desempenho.
“A indústria total foi quem mais perdeu fôlego, registrando +0,8% no 3º trim/22, isto é, metade do que havia crescido no trimestre anterior, como mostram as variações com ajuste sazonal a seguir. Muito deste crescimento coube à construção (+1,1%), enquanto a indústria de transformação parou (+0,1%) após dois resultados favoráveis. A indústria extrativa, com evolução mais volátil em 2022, também não avançou (-0,1%)”, assinala o Iedi.
Como na variação trimestral, foi a construção (+6,6%) e ao ramo de eletricidade, gás e saneamento (+11,2%) que trouxeram também os melhores resultados na comparação interanual. A indústria de transformação (+1,7%) cresceu metade do resultado do PIB total e o ramo extrativo ficou novamente no negativo (-2,6%), devido à extração de minério de ferro.
“Na comparação com o mesmo período do ano passado, bases de comparação fracas ajudam a obtenção de taxas de crescimento mais robustas em alguns setores, inclusive na indústria. Mesmo assim, o PIB industrial foi o que menos cresceu, ficando bem abaixo do resultado do PIB como um todo: +2,8% ante +3,6% frente ao 3º trim/21, respectivamente. O PIB dos serviços avançou +4,5% ante o 3º trim/21”, completa o Iedi.
Olhando para o acumulado do ano de 2022, a indústria como um todo, “ainda que no azul, ficou muito além deste patamar de dinamismo”, ao registrar resultado de 1,3%.
“Assim, no acumulado de jan-set/22, o grande destaque para a alta de +3,2% do PIB total foram os serviços, que cresceram +4,4%. A indústria como um todo, ainda que no azul, ficou muito além deste patamar de dinamismo, ao registrar +1,3%. Tomada apenas a indústria de transformação, por ora, 2022 é um ano de perda, acumulando -0,8% até o 3º trim/22. O mesmo vale para a agropecuária, em retração de -1,5%”, avalia o instituto.