É quarta queda nos últimos seis meses, aponta CNI. Horas trabalhadas na produção, a massa salarial e o rendimento médio dos trabalhadores também recuaram
O faturamento real da indústria de transformação recuou 5,3% em agosto deste ano, na comparação com julho, de acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgados nesta terça-feira (7). Essa é a quarta queda do indicador nos últimos seis meses. As horas trabalhadas na produção, a massa salarial e o rendimento médio dos trabalhadores também recuaram no oitavo mês deste ano.
Segundo a diretora e especialista em Políticas e Indústria da CNI, Larissa Nocko, a queda do faturamento real vem em linha com o comportamento mais fraco da indústria de transformação, “que já vem acontecendo há meses”, por influência dos juros altos do Banco Central (BC), além da entrada de bens importados no país.
“O faturamento vem nesse comportamento de queda, assim como outros indicadores que vêm mostrando esse comportamento mais de arrefecimento da indústria de transformação, e isso se deve a alguns grandes fatores. O primeiro deles é o patamar elevado dos juros e as consequências que isso tem sobre crédito e sobre expectativas do crescimento econômico como um todo, mas esse comportamento mais fraco da indústria de transformação também está associado a uma entrada muito importante de bens importados, especialmente bens de consumo, bens voltados para o consumidor final, e isso captura uma boa parte do mercado consumidor da indústria nacional”, comenta a economista.
Em agosto, o número de empregos no setor manteve-se estável, mas a massa salarial caiu 0,5% em comparação com julho. No acumulado do ano, o recuo foi de 2% em relação ao mesmo recorte de 2024.
Já o rendimento médio dos trabalhadores ficou 0,6% abaixo do registrado em julho. No acumulado de janeiro e agosto, o índice acumula uma retração de 4,1% frente ao mesmo período do ano passado.
Por sua vez, o indicador de Utilização da Capacidade Instalada (UCI) da Indústria de transformação aumentou 0,2 ponto percentual (p.p.), recuperando parte da queda de 0,4 ponto percentual (p.p.) vista em julho. No entanto, destaca a entidade, “a UCI média dos oito primeiros meses de 2025 é 0,7 p.p. inferior à registrada no mesmo período de 2024”.