Sob repúdio generalizado, Trump voltou atrás e revogou a norma que ameaçava milhares de estudantes estrangeiros de expulsão caso, durante a pandemia, deixassem de comparecer às aulas presenciais
No momento em que começava uma audiência para julgar uma ação contra a regra que exigiria que estudantes estrangeiros matriculados em instituições com aulas 100% on-line deixassem os Estados Unidos ou se mudassem para escolas ou universidades com ensino presencial, o governo, na terça-feira (14), voltou atrás e rescindiu a determinação, que havia sido rechaçada não só pela comunidade educacional, mas por amplos setores da sociedade.
Inicialmente, a ação contra essa regra de Donald Trump tinha sido movida pela Universidade de Harvard e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, MIT. Logo juntaram-se a ela outras instituições educativas e, na segunda-feira, 13, dezessete Estados e o distrito de Columbia também entraram na justiça. A regra forçaria muitos estudantes a voltar para seus países de origem no meio de uma pandemia, e as condições para eles estudarem seria gravemente comprometida. O processo foi protocolado em uma corte da cidade de Boston.
“As partes chegaram a uma solução. O governo concordou em anular a decisão”, informou a juíza Allison Burroughs em uma breve audiência que deveria tratar do processo movido por Harvard e MIT.
Na segunda-feira, 6, o Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) já havia notificado às universidades, que os estudantes teriam que sair dos EUA ou transferir-se para outra instituição se as escolas em que estão matriculados operarem completamente à distância no próximo semestre. Segundo a normativa não se emitiriam novos vistos para os alunos dessas escolas, enquanto que aqueles inscritos em universidades que oferecem uma mistura de aulas presenciais e à distância não poderiam optar só pelas dadas por Internet.
“A administração Trump sequer tentou explicar a base desta regra sem sentido, que obriga as universidades a escolher entre manter inscritos seus estudantes internacionais ou proteger a saúde e segurança de seus campi”, disse Maura Healey, promotora geral de Massachusetts, ao anunciar a ação apresentada no dia 13. Nela, os 17 Estados assinantes acusam o governo de violar a Lei de Procedimento Administrativo.
Além de Massachusetts e da capital, participam da ação os Estados de Colorado, Connecticut, Delaware, Illinois, Maryland, Michigan, Minnesota, Nevada, New Jersey, Novo México, Oregon, Pensilvânia, Rhode Island, Vermont, Virginia e Wisconsin.
“Essa medida de Trump mostra o que ele é: um presidente racista que insiste em sua estratégia falida de negar as realidades da crise de saúde, e que renova sua campanha de ódio contra os imigrantes”, ressaltou em relação ao projeto retirado Beth Kontos, presidente da Federação Norte-Americana de Docentes.