Apesar da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) ter aprovado a suspensão do leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) e das ações na Justiça que questionavam a privatização da estatal, na sexta-feira (30), o governo do Rio manteve o leilão da empresa, o primeiro após a aprovação do novo marco regulatório do saneamento. Foram privatizados três dos quatro blocos da companhia ofertados por R$ 22,69 bilhões, com ágio de até 187% em uma das áreas.
Os consórcios Aegea e Iguá arremataram a parte mais lucrativa da Cedae e o Estado do Rio ficou com a parte da companhia que demanda maiores investimentos.
O Consórcio Aegea – representado pela corretora Ativa, levou o primeiro bloco, o mais caro entre os quatro leiloados, que contempla 18 bairros da Zona Sul da capital e 18 municípios; e o quarto bloco, que conta com 106 bairros do Centro e da Zona Norte da capital e sete municípios.
A Angea Saneamento é formada pela Equipav (70,72%), por um fundo soberano de Singapura GIC (19.08%) e o Itaúsa (10,2%)
O segundo bloco mais valioso, com 20 bairros da Zona Oeste da capital fluminense e dois municípios, foi entregue ao Consórcio Iguá – representado pelo grupo BTG. O Iguá pertence ao Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB) com 45% da participação e a Alberta Investment Management Corporation. O consórcio terá um empréstímo-ponte do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o banco estatal de fomento, que segundo seu presidente estará a serviço das privatizações.
Já o terceiro bloco, o mais barato entre os ofertados, com 22 bairros da Zona Oeste da capital e seis municípios, não recebeu oferta.
Com a privatizacão da distibuição, a iniciativa privada ficou com filé mignon, e a parte onerosa, que demanda mais investimento, que é captação e tratamento da água, continua com o Estado.
A privatização de parte da Cedae contou com as presenças, além do governador do Estado, Claudio Castro, de Jair Bolsonaro e ministros, recebidos com protestos dos manifestantes, que atiraram um ovo na direção da comitiva.
Com mais de 400 mil mortes pela Covid-19 no território brasileiro e a recessão econômica, que faz 32,6 milhões de pessoas estarem sem emprego no país, e a fome se alastrando pelos lares, Bolsonaro comemorou a privatização afirmando que “este é o momento que marca a nossa história e a nossa economia. Um governo voltado para a liberdade de mercado e na crença de que o Brasil pode ser diferente”, disse.