Desde a noite de ontem (8), o Rio de Janeiro enfrenta uma grave crise em decorrência das fortes chuvas que atingem a cidade. Até agora, foram registradas oito mortes por conta das chuvas.
Na tarde desta terça-feira, um táxi que estava soterrado na Avenida Carlos Peixoto, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, foi descoberto. A morte Lucia Xavier Sannento Neves, de sua neta Júlia Neves Aché, de 6 anos, e do taxista Marcelo Tavares foi confirmada.
As buscas aconteciam onde equipes de resgate encontraram um táxi e outros veículos soterrados. Os trabalhos foram suspensos por volta das 14h pelo risco de deslizamento de terra.
No Jardim Maravilha, o corpo de um homem ainda não identificado foi encontrado.
No Morro da Babilônia, foram confirmadas também três mortes na zona sul da cidade nesta manhã: as irmãs Doralice Nascimento, 55, e Gerlaine Nascimento, 53, que foram soterradas após um deslizamento de terra.
Os bombeiros procuram ainda por Gilson Cezar Cerqueira que estava no mesmo imóvel onde as vítimas foram soterradas.
Segundo a família de Gilson, uma árvore caiu sobre a residência fazendo com que ela desmoronasse.
Leandro Ramos Pereira, 40, morreu depois de ter sido eletrocutado no bairro de Santa Cruz, na zona oeste da cidade. Ele chegou a ser atendido na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da comunidade do Cesarão, que fica no bairro, mas não resistiu.
Ele teria sido atingido por uma corrente elétrica ao tentar limpar a sua casa, inundada pela chuva. A mulher dele está hospitalizada, mas não foram divulgados detalhes sobre o estado de saúde dela.
O corpo de Guilherme Fontes foi encontrado no bairro da Gávea. Ele se afogou após cair de uma moto e ser levado pela enxurrada.
ALERTA
O Rio entrou em estágio de crise, o mais grave no sistema ‘Alerta Rio’ da Prefeitura. As áreas mais afetadas foram as zonas sul e oeste. O temporal alagou ruas, derrubou árvores, destruiu carros e inundou túneis por toda a cidade. A classificação é a pior em uma escala de três e alerta para previsão de chuva forte ou muito forte, capaz de causar múltiplos alagamentos e deslizamentos.
Na zona oeste, a estação medidora da Barrinha registrou 212 milímetros de chuva entre as 18h e às 22h. No mesmo período, na zona sul, choveu 168 milímetros em Copacabana, 164 na Rocinha e 149 no Jardim Botânico.
De acordo com dados do Alerta Rio, o volume de chuva acumulado em apenas quatro horas na noite desta segunda foi até 70% maior do que o esperado para todo o mês de abril em alguns pontos dessas regiões.
Durante a madrugada foram registrados 45 pontos de alagamento e oito quedas de árvores.
As sirenes de alerta para risco de deslizamento de terra foram acionadas em 21 das 103 comunidades monitoradas pela Defesa Civil Municipal. Mas, segundo moradores, o alarme não chegou a ser acionado no Morro da Babilônia porque estava faltando energia na comunidade no momento do temporal.
Cai o 4º trecho da ciclovia
A chuva também provocou o desabamento de mais um trecho da Ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, que liga a zona sul da cidade. Desta vez, a parte que caiu fica próxima do bairro de São Conrado.
O desabamento ocorreu por volta das 22h, quando a via já estava fechada. Foi o quarto incidente desse tipo desde a inauguração da ciclovia, em janeiro de 2016. Um deles foi causado por ondas, durante uma ressaca, e três por temporais.
A primeira vez que houve uma queda de um trecho da ciclovia foi em abril de 2016, três meses após a inauguração. A ressaca do mar de São Conrado derrubou uma parte da estrutura e matou dois homens. Dois anos depois, em fevereiro de 2018, um forte temporal causou o desabamento de outro trecho. No início deste ano, um outro trecho desabou em mais um deslizamento.
Crivella reconhece “imprudência” em ação da Prefeitura
O prefeito carioca, Marcelo Crivella (PRB), admitiu na manhã desta terça-feira, que as equipes da Prefeitura demoraram a chegar na zona sul da cidade, região mais atingida pelo temporal.
Segundo ele, as equipes de Conservação, da Comlurb e da Rio Águas, demoraram a chegar e que este protocolo também será revisto. “Tivemos avisos da meteorologia (sobre os locais que seriam mais atingido). As equipes estavam em deslocamento para os bairros mais atingidos na hora do temporal. Agora, vamos manter equipes em pontos estratégicos desde a manhã”, anunciou.
Sobre o desabamento do quarto trecho da ciclovia “Tim Maia”, Crivella atribuiu o fato a “imprevistos” e explicou os quatro incidentes que levaram à interdição da ciclovia. “São imprevistos. Depois que acontece, a gente começa a se precaver”, disse.
“Sempre que há chuva forte, nós pedimos para que não usem, a interditamos. Pedimos às pessoas para que não saiam de casa, evitem”, completou.
Crivella lembrou que, na região, “desde aquela última grande chuva [em fevereiro], começou um amplo programa de contenção de encosta”. “Mas (…) não tivemos tempo de fazer as contenções, e uma grande parte de solo caiu, e aí mais um pedacinho da nossa ciclovia quebrou”.
O prefeito disse que, ontem, houve uma reunião com associação de moradores e órgãos de engenharia para decidir “se haveria consenso de retirar a ciclovia” eu que, “90% dos órgãos acharam unanimemente que a ciclovia deve permanecer”.