Segundo declarou o ex-primeiro-ministro português José Sócrates, réu por 31 ilícitos – corrupção passiva, lavagem, fraude -, a diferença entre seu caso e o de Lula “é que o PT manteve-se sempre ao lado do Lula”; ao contrário, “a primeira coisa que o Partido Socialista [português] fez foi procurar afastar-se. Eu nunca pedi ao PS que me defendesse, mas nunca pensei que fosse o Partido Socialista a atacar-me a um ponto que me levasse a ter de defender a minha dignidade tendo que me desligar do partido”.
Em palestra, esta semana, no distrito de Vila do Conde, Sócrates agiu de forma idêntica a seu colega brasileiro, já condenado em segunda instância: ao invés de assumir os crimes, acerca dos quais as provas se avolumam, disse que tudo não passou de uma ação orquestrada contra ele, ou, como disse, “um longo historial de abusos” da Operação Marquês, pela qual foi agarrado.
Disse ele que a escolha do juiz “foi um ato intencional” e que o Ministério Público – e não ele – estaria “ludibriando a lei” e que “o suspeito é o juiz Carlos Alexandre”.
José Sócrates ficou 11 meses preso preventivamente, depois passou à prisão domiciliar, e agora responderá na Justiça portuguesa por três crimes de corrupção passiva enquanto titular de cargo político, 16 crimes de “branqueamento” (lavagem) de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.
Segundo ele, o problema é “a Justiça viciada”.
“Eu fui o primeiro a conviver com Lula”, disse Sócrates, atacando o juiz Sérgio Moro: “O dr. Moro também achou que havia chegado o momento para sua glória. Para um lugar na política, ele o fez usando seu lugar na Justiça”.
De que “lugar na política” Sócrates estará falando?
A mentira, pelo visto, tornou-se uma segunda – aliás, primeira – natureza desse ex-bibelô do neoliberalismo, convidado de David Rockefeller para o Clube de Bilderberg, onde se reúne a cúpula dos monopólios financeiros do mundo.
OPERAÇÃO
A Operação Marquês, depois de quatro anos de investigações, levará ao tribunal 28 réus – 19 pessoas e nove empresas – que perpetraram duas centenas de crimes de corrupção. Foi constatado o envolvimento direto de José Sócrates em 31 crimes.
Sócrates recebeu 34 milhões de euros, entre 2006 e 2015, em troca do favorecimento a interesses do banqueiro Ricardo Salgado, do Grupo Espírito Santo (GES) e da Portugal Telecom, que é implicado em 21 ações delituosas.
Além disso, Sócrates recebeu propina para a concessão de financiamento da Caixa Geral de Depósitos ao empreendimento Vale do Lobo, no Algarve, e por favorecer negócios do Grupo Lena.
O Grupo Lena – fundado por um certo Joaquim Baroca – é o principal associado da Odebrecht em Portugal, denunciado por espalhar propinas para conseguir obras em consórcio com o grupo brasileiro.
Há ainda uma rede comum de atuação entre o Banco Espírito Santo, principal acionista da Portugal Telecom, que comercializava obrigações de empresas do próprio Grupo Espírito Santo.
Essa promiscuidade entre o Banco e a operadora acabou por quebrar a última – e seus responsáveis, Granadeiro e Bava, estão sendo levados ao banco dos réus. José Sócrates era um dos participantes dessa trama.
ESTELIONATO
Apesar de ter traído o seu eleitorado e executado um programa neoliberal – característica principal do direitismo na pseudo-esquerda, tanto a de lá, quanto a de cá – que incluiu orçamentos arrochados sucessivos, o que levou, em novembro de 2010, a uma greve geral convocada pelas Centrais Sindicais CGTP e UGT, o ex-primeiro-ministro insiste que é a “medíocre direita política portuguesa, que não tem nada a propor aos portugueses” que estaria “empenhada no ‘Processo Marquês’ através da manutenção da procuradora-geral da República”.
Como se o arrocho sobre o país, que executou para sobrar o máximo no orçamento para transferir aos bancos, fosse algum tipo de “proposta” que pudesse interessar a Portugal e a seu povo.
NATHANIEL BRAIA
O lugar do Lula, dos comunistas e socialista é no Inferno!
E quem quiser que vá com eles.
Que você não saiba que Lula nada tem a ver com “comunismo” ou “socialismo”, é compreensível. A ignorância é desumana, mas compreende-se. Agora… é impressão nossa ou você está sugerindo que todos aqueles com quem você não concorda sejam executados? Se for isso, é um desejo muito, mas muito, impotente.