
“Quem é omisso não demite ninguém”, rebate ministro da Previdência
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, afirmou que pediu informações sobre o aumento de descontos sobre as aposentadorias assim que ouviu sobre o esquema e chegou a demitir o então diretor de Benefícios pela demora em agir.
Lupi disse ao jornal O Globo que “não me sinto em situação fragilizada nenhuma”, afastando a possibilidade de deixar o cargo.
“Se sou omisso, por que pedi o relatório e demiti o diretor? Quem é omisso não demite ninguém”, continuou.
O ministro contou que “sabia o que estava acontecendo, das denúncias. Eu sabia que estava havendo um aumento muito grande, que precisava fazer uma Instrução Normativa para acabar com isso e comecei a me irritar pela demora”.
“Foi passando o tempo e o diretor de Benefícios [André Paulo Félix Fidélis] não apresentava nada”, disse Lupi, citando a “incompetência” do então diretor que foi demitido em julho de 2024. “Eu cobrava essa agilidade na Instrução Normativa e ele não concluiu nem o relatório”, completou.
Ao Estadão, Lupi relatou que o então diretor “demorava a responder. Tive que demiti-lo, à época, para avançar no relatório e, pela primeira vez, nosso governo tomar a iniciativa de construir novas regras para coibir possíveis fraudes”.
O Ministério da Previdência Social produziu uma Instrução Normativa “tentamos coibir” o roubo do dinheiro de aposentados e pensionistas. “Mais de 2,4 milhões autorizações [de cobrança de mensalidades] foram canceladas por estarem em desacordo com a IN”.
A apuração interna identificou a “inclusão de descontos sem a aprovação de autorização do segurado”, que é a base do esquema criminoso desbaratado pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da República (PGR) na Operação Sem Desconto. Entre 2019 e 2024, houve o desvio de até R$ 6,3 bilhões.
Para Lupi, o problema foi não ter conseguido “fazer a massificação da biometria. Temos muita dependência da Dataprev, que faz todo nosso sistema. E a Dataprev está sobrecarregada de serviço. Não conseguimos fazer a biometria como deveríamos ter feito. Foi uma biometria frágil, baseada nos dados do TSE [Tribunal Superior Eleitoral]. A gente queria ter feito a nossa, fotografar, botar a cara para identificar. Por isso, tem muita burla”.