O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), decidiu ignorar o decreto de Jair Bolsonaro e anunciou que salões de beleza, barbearias e academias devem permanecer fechados em todo o estado. De acordo com o governador paulista, o estado não tem condições sanitárias de permitir o funcionamento de tais estabelecimentos.
Na segunda-feira, 11, Bolsonaro incluiu esses estabelecimentos na lista de “serviços essenciais” durante a quarentena, como uma forma de driblar a única medida eficaz no combate ao coronavírus, o isolamento social. Pois ao reabrir academias, salões e barbearias, o presidente incentiva o retorno ao trabalho daqueles que não exercem atividades tradicionalmente essenciais, de forma legal, querendo passar por cima do determinado por prefeitos e governadores.
Diferente de Bolsonaro, que não conversou sequer com o ministro da Saúde Nelson Teich, “aqui em São Paulo, o governo respeita e ouve o seu secretário da Saúde, respeita e ouve o seu comitê de saúde. O comitê de saúde e o secretário de Saúde do estado de São Paulo nos indicam que ainda não temos condições sanitárias seguras para autorizar a abertura de academias, salões de beleza e barbearias neste momento”, disse Doria em entrevista no Palácio dos Bandeirantes.
“Dentro da questão da academia, quero dizer, primeiro que é um local onde as secreções são abundantes. Outro ponto: quem faz exercício de máscara, é muito difícil, é muito complicado respirar, e umedece aquela máscara muito rapidamente, então deteriora a qualidade da proteção da máscara. E terceiro, para você higienizar esse ambiente ele deveria ser feito a cada uso. É muito complicado do ponto de vista sanitário você garantir que ali não é um ambiente propício a contaminação”, explicou Doria.
O estado de São Paulo é o epicentro da pandemia do novo coronavírus no país, com 3.949 mortes e 47.719 casos confirmados da doença.
Ontem, governos de 17 estados – AC, AL, AP, AM, BA, CE, ES, GO, MA, PA, PB, PR, PE, PI, RJ e SE– e do Distrito Federal (DF) já haviam se posicionados contra o decreto editado pelo presidente.
LIBERAÇÃO NÃO É AUTOMÁTICA
Apesar de ser um decreto presidencial, a medida não permite uma liberação automática para o funcionamento desses serviços.
Isso porque, em abril, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que estados e municípios têm o poder de estabelecer políticas de saúde – inclusive questões de quarentena e a classificação dos serviços essenciais.
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