Coordenação altera trajeto da Marcha em São Paulo em repúdio ao crime bárbaro e sairão do MASP até o Carrefour
Entidades do movimento negro realizam nesta sexta-feira, 20 de novembro, a 17ª Marcha da Consciência Negra. Em São Paulo o movimento se concentra no vão livre do MASP (Museu de Arte de São Paulo), na Avenida Paulista.
Com o lema “Vidas negras importam”, a Marcha de hoje leva às ruas pedido de Justiça por João Alberto Silveira, homem negro morto após ser espancado por seguranças do supermercado Carrefour, em Porto Alegre (RS). Com máscaras de proteção, os manifestantes carregam faixas denunciando o crime bárbaro, que foi repudiado por diversas autoridades, políticos e nas redes sociais.
“Quem espancou deve ser punido, mas a empresa também. Não é o primeiro nem o segundo caso que acontece no Carrefour. Já passou da hora de o empresariado colocar em prática o que ‘defendem’ nas propagandas”, denunciou a deputada estadual Leci Brandão.
O movimento da Marcha da Consciência Negra resgata o dia de Zumbi dos Palmares e a luta contra o racismo e a violência. Segundo os organizadores do ato, 8 em cada 10 pessoas mortas em ações policiais são negras.
Integrante da executiva da Coordenação Nacional das Entidades Negras (Conen), Flávio Jorge avaliou que a marcha estava sendo realizada “num momento muito positivo, de crescimento da luta negra no Brasil”. “O lado negativo é que estamos realizando essa marcha numa conjuntura de um governo de extrema-direita que retira e ataca os direitos da população negra e dos trabalhadores”, afirmou.
Luka Franca, do Movimento Negro Unificado (MNU), lamentou que assassinatos como o de João Alberto ainda continuem acontecendo “mesmo com todos os protestos que a gente fez, com todas as denúncias sobre racismo e sobre a ação violenta de seguranças e policiais para cima dos nossos corpos”.
Para Alfredo de Oliveira, presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB), João Alberto é mais uma vítima letal do racismo. “O assassinato de João Alberto foi um crime bárbaro. Essa violência contra os negros em bancos, lojas, supermercados, shoppings tem que parar. É um absurdo isso. Esses brutamontes querem importar para aqui a violência policial dos EUA contra os negros. O Carrefour é reincidente nessa violência contra negros. As empresas que contratam essas arapucas de vigilâncias têm que ser responsabilizadas e punidas com até o fechamento delas. Esses elementos não fariam isso se houvesse uma ordem expressa de quem contrata para eles tratarem bem a população que consome seus produtos”, afirmou Oliveira.
O racismo diário ganha ainda respaldo no governo Bolsonaro, que tem Sérgio Camargo na presidência Fundação Cultural Palmares (FCP), um negro que odeia os negros e que classificou o movimento negro como “escória maldita”, que abriga “vagabundos”.
Na véspera do dia 20 de Novembro, Camargo anunciou a exclusão da Fundação de nomes como Milton Nascimento, Elza Soares, Martinho da Vila, Gilberto Gil, Leci Brandão, a escritora Conceição Evaristo, entre outros, também serão excluídos, provocando protestos de vários setores.
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É totalmente absurdo que em pleno século 21 tenhamos ainda de assistir a barbaridades contra negros, como essa que ceifou – de forma covarde e brutal -, a vida de João Alberto.
O racismo é um vício social abominável !!
As ofensas preconceituosas e desprezíveis que se vê todos os dias, sobretudo nas redes sociais, contra nossos irmãos negros são próprias de pessoas de alma pequena, criaturas sem luz, espíritos decadentes que para nada servem, senão para poluir o mundo, movidos por uma mente profundamente insana e manifestamente estúpida.
O preconceito racial, porém, não é um sentimento que brota de repente, da noite para o dia. Ninguém nasce racista. O racismo, como todas as demais formas de preconceito, é produto de um aprendizado que tem suas raízes, muitas vezes, no seio da própria família. Lamentavelmente !!