O Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) aprovou a coalizão com o partido da primeira-ministra Ângela Merkel, a União Democrata-Cristã (CDU), buscando evitar novas eleições. A decisão foi mais um dos estelionatos eleitorais da social-democracia do país, que na última campanha eleitoral, de setembro de 2017, entre outras juras de comício, prometeu que “ia para a oposição”.
A coalizão foi defendida pelo presidente social-democrata, Martin Schulz, ainda em janeiro, quando este, após aprovar o acordo com a CDU na cúpula do partido, disse que a única opção para evitar “novas eleições” residia na retomada da “grande coalizão” para mais um governo Merkel, já há 12 anos no poder. O temor de Shulz contra novas eleições é justificado: tanto o CDU quanto o SPD (que arca com uma desconfiança crescente no eleitorado) tiveram os piores resultados eleitorais desde a II Guerra, tendência que deveria se manter no caso de uma nova eleição convocada por Merkel, que ameaçava um novo pleito se não conseguisse uma coalizão de maioria no Bundestag.
Embora tenham conseguido um pequeno fôlego para o que a revista Der Spiegel chamou de “começo do fim para a era Merkel”, a coalizão representa uma maioria frágil: apenas 53,5% dos deputados compõe o governo.
A dificuldade para a consolidação de mais um governo Merkel se deve, sobretudo, pela impopularidade de sua defesa da manutenção do “austericídio” na Alemanha e forçando a imposição de arrocho aos demais países da União Europeia, bem como em decorrência do seu alinhamento com a nefasta política externa dos EUA.
Enquanto comemorava o resultado em uma festa na sede em Berlim, Schulz anunciou que “agora há clareza” no partido, ao passo que Merkel felicitou o resultado, dizendo-se ansiosa para voltar a trabalhar com os social-democratas. O impasse para a formação de um governo durou mais de cinco meses, depois de ruir a coalizão entre o partido da primeira-ministra com o Partido Democrático Livre (FDP) e os Verdes, coalizão apelidada de “Jamaica”.
Nas últimas eleições, o partido de Merkel perdeu mais de 2,8 milhões de votos, caindo de 41,5% para 32,5%, elegendo 246 deputados. Já o seu parceiro da “grande coalizão” desde 2009, o SPD, encolheu de 193 para 153 deputados, uma queda de 25,7% dos votos para 20,5%. A falta de alternativa abriu caminho para o partido Alternativa pela Alemanha (AfD), que ao alcançar 13,2% dos votos com um discurso xenófobo e anti-islâmico, não só ingressou pela primeira vez no parlamento, como se tornou a terceira maior bancada da Alemanha.
GABRIEL CRUZ
Social-democratas sempre foram um bando de vagabundos, especialmente esses alemães, que possuem muita culpa pela ascensão do homem do bigodinho.