STF analisa denúncia que pode tornar ’03’ réu por coação e obstrução à Justiça

Dos EUA, Eduardo Bolsonaro instigou governo estrangeiro contra o Brasil e autoridades (Foto: Reprodução - Redes sociais)

Deputado é acusado de tentar intimidar o Supremo e influenciar investigações contra o ex-presidente

A Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), começa quinta-feira (14), o julgamento da denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

O processo será analisado em plenário virtual até 25 de novembro, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

A acusação imputa ao parlamentar o crime de coação no curso do processo, previsto no artigo 344 do Código Penal.

Segundo a PGR, Eduardo Bolsonaro teria pressionado autoridades e políticos estrangeiros, especialmente nos Estados Unidos, para interferir em investigações e julgamentos que envolvem o pai dele, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

ACUSAÇÕES DA PGR

De acordo com a denúncia, Eduardo Bolsonaro usou a visibilidade do mandato e as conexões internacionais advindas do mandato para estimular sanções e retaliações diplomáticas contra membros do Judiciário brasileiro, sobretudo ministros do Supremo.

A PGR afirma que o deputado tentou “intimidar e constranger autoridades constituídas”, e busca impedir o avanço de inquéritos sobre atos antidemocráticos e tentativas de golpe.

Em uma série de declarações públicas, Eduardo chegou a questionar a legitimidade do STF e a difundir teorias conspiratórias sobre perseguição política.

A Procuradoria sustenta que o comportamento do deputado ultrapassa os limites da imunidade parlamentar, configurando assim abuso do mandato e tentativa de obstrução da Justiça.

A defesa de Eduardo, representada pela DPU (Defensoria Pública da União), pede o arquivamento da denúncia. A defesa alega ausência de dolo e argumenta que as falas dele e articulações diplomáticas se enquadram na liberdade de expressão e de atuação política asseguradas a parlamentares.

Os advogados sustentam ainda que não houve qualquer tentativa de interferência concreta em processos judiciais e que a denúncia da PGR seria “mera criminalização de opinião política”.

CONTEXTO

Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde março deste ano, o que, segundo o Ministério Público, teria dificultado a intimação dele e facilitado articulações externas em defesa do pai, que enfrenta diversos inquéritos no Supremo e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Além de condenação no Supremo por ter liderado a trama golpista.

O caso reacende o debate sobre a atuação transnacional de políticos brasileiros ligados à extrema direita e à tensão entre o STF e o bolsonarismo, que continua a mobilizar seguidores no exterior com denúncias de suposta “ditadura judicial” no Brasil.

O QUE ESTÁ EM JOGO

Se a Primeira Turma do STF decidir aceitar a denúncia, Eduardo Bolsonaro passará à condição de réu em ação penal. Isso permitirá a abertura de fase de instrução, coleta de provas e eventual julgamento.

Se a denúncia for rejeitada, o processo será arquivado.

A votação será conduzida de forma eletrônica até o dia 25 de novembro, com os votos de Moraes (relator), Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.

“Se o STF aceitar a denúncia, estará sinalizando que a imunidade parlamentar não é escudo para a sabotagem institucional”, resume o jurista Rafael Valim, especialista em direito constitucional.


“Se rejeitar, reforçará o argumento político de que o Supremo teme o confronto direto com o bolsonarismo”.

PRÓXIMOS DESDOBRAMENTOS

A decisão do STF deve ser publicada até 25 de novembro. Caso a denúncia seja recebida, Eduardo Bolsonaro será notificado formalmente e poderá apresentar defesa prévia.

O processo pode abrir caminho para novas investigações sobre eventuais articulações internacionais de desinformação e pressão política ligadas à extrema-direita brasileira.

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