Ministro Alexandre de Moraes deu prazo de 15 dias para que a oitiva fosse realizada. Diante do esgotamento do prazo, a AGU pediu prorrogação e Moraes concedeu mais 45 dias
O prazo dado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para Jair Bolsonaro (PL) prestar depoimento na investigação sobre o vazamento do inquérito do ataque hacker ao sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) termina dia 28 de janeiro.
A Polícia Federal (PF) intimou Bolsonaro a depor no final de novembro sobre o assunto, que faz parte do inquérito das fake news.
Em 29 de novembro, o ministro concedeu prazo de 15 dias para que a oitiva fosse realizada. Quando o tempo estava para esgotar, a AGU (Advocacia-Geral da União) pediu prorrogação, e Moraes deu mais 45 dias de prazo.
O depoimento vai ocorrer no momento em que Bolsonaro retoma os ataques ao STF e a ministros, entre eles o próprio Moraes.
Na última quarta-feira (12), ele mirou o ministro e o colega de Moraes, Luís Roberto Barroso, ao afirmar em entrevista que os dois seriam ligados ao PT. Uma clara provocação, pois todos sabem que Barroso é independente, e Moraes teve o apoio dos tucanos e a indicação de por Michel Temer (MDB).
INVESTIGAÇÃO SOLICITADA PELO TSE
A apuração sobre o vazamento da investigação foi solicitada pelo TSE a Moraes após Bolsonaro conceder entrevista em 4 de agosto de 2021 em que se valeu do inquérito para atacar a segurança das urnas eletrônicas.
O presidente foi intimado após a PF ouvir o delegado responsável pelo inquérito, afastado por decisão de Moraes, e o deputado Filipe Barros (PSL-PR), que teve acesso ao material e participou da entrevista com Bolsonaro.
Além da responsabilidade pela divulgação dos documentos, a PF apura como o deputado soube da existência do caso sigiloso em andamento na superintendência do Distrito Federal.
GRAVE VAZAMENTO
Em depoimento à PF, Barros afirmou que soube da apuração por meio de denúncia que chegou à comissão do voto impresso, cujo projeto debatido era relatado por ele.
A entrevista em que foram divulgadas as informações sigilosas ocorreu cinco dias depois da ‘live’ de 29 de julho em que o presidente da República havia levantado suspeitas sobre o sistema eletrônico de votação.
Trata-se da segunda vez em que Bolsonaro é chamado pela PF para depor. A primeira se deu no inquérito que apura a suspeita de interferência na PF, acusação feita pelo ex-ministro Sérgio Moro.
Aquele depoimento de Bolsonaro gerou críticas dentro da própria PF em razão de perguntas amenas, feitas sob medida, sem muitos questionamentos.