“Os juros altos inibem os investimentos produtivos, que são os responsáveis por grande geração de renda e emprego”, afirma a economista Ieda Vasconcelos da CBIC, ressaltando que “quanto mais os juros crescem mais os investimentos se deslocam para o mercado financeiro”
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) afirma que a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) de subir a taxa Selic, de 10,50% para 10,75% ao ano, “deve criar obstáculos novos ao investimentos em infraestrutura” e “prejudica o financiamento de imóveis” com recursos da poupança, que são direcionados para o crédito imobiliário.
PREJUDICA O FINANCIAMENTO DE IMÓVEIS E A RENDA DO TRABALHADOR
“Isso prejudica o financiamento de imóveis pelo SBPE, bem como compromete a renda do trabalhador”, criticou o presidente da entidade, Renato Correia, ao ressaltar que a construção é fator essencial na formação de capital fixo no país. “É preocupante. O desafio é desenvolver o Brasil sem as condições necessárias para o investimento acontecer”, lamentou.
Em nota, a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, afirma que “o crescimento econômico sustentado da economia brasileira só acontece com a aceleração dos investimentos. O custo excessivo do crédito com uma alta taxa de juros e com spreads bancários elevados em nada contribui para ajudar o País a sustentar o seu desenvolvimento”.
Ieda Vasconcelos destaca também que o aumento dos juros no Brasil, na reunião do Copom, na quarta-feira (18), se dá num “momento em que vários países caminham para a redução das suas taxas de juros”.
“O Brasil vai na direção contrária e aumenta suas taxas. Com isso, ele continua no ranking dos países com maiores juros reais do mundo”, criticou.
“O Banco Central Europeu, recentemente, reduziu os seus juros. O Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos, também promoveu um corte, em 18/09, nos seus juros, a primeira redução dos últimos quatro anos. O corte foi de 0,50 ponto percentual, o que levou os juros no País para a faixa de 4,75% a 5% ao ano. Essa redução pode contribuir para aliviar a pressão sobre o câmbio no País e, consequentemente, sobre a inflação”, observou.
Descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses (4,10%), a taxa de juros reais brasileira fica em 7,33%, o que coloca o Brasil na segunda colocação entre os maiores pagadores de juros reais do planeta, segundo o MoneYou.
O site de consulta financeira também aponta que, entre 40 países sondados, 52,5% cortaram suas taxas, 45% mantiveram, enquanto apenas 2,5% elevaram suas taxas de juros. A média global de juros reais está em 0,63%.
“É importante destacar o quanto os juros altos inibem os investimentos produtivos, que são os responsáveis por grande geração de renda e emprego”, ressalta Ieda Vasconcelos, reforçando que “quanto mais os juros crescem mais os investimentos se deslocam para o mercado financeiro”.
“O aumento dos juros preocupa a Construção Civil. Depois de registrar queda de 0,5% em suas atividades em 2023, o setor aguarda crescimento de 3,0% em 2024. Entretanto, juros altos podem adiar ou até mesmo cancelar investimentos, o que pode contribuir para inibir as suas atividades”, alertou, ainda, a economista.
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