“Posição difícil para o BC não é subir juros, mas a inflação fora da meta”, declarou o preferido do financismo para assumir a presidência do BC
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que “ter que subir juros, é situação cotidiana para quem está no BC”. A declaração ocorreu nesta quinta-feira (22), em evento promovido pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Ele afirmou que “gostaria de deixar claro que o BC não vai hesitar em subir juro se necessário”.
Apesar da inflação controlada e do clamor do empresariado e trabalhadores para a alteração da política monetária, que interfira para baixar a taxa básica de juros (Selic), Gabriel Galípolo, nas últimas semanas, não tem medido esforços para sinalizar que a atuação do BC não irá mudar após a saída do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto (indicado no governo Bolsonaro), em 31 de dezembro deste ano.
Gabriel Galípolo chegou ao BC por indicação do governo Lula e é o principal nome cotado pela equipe econômica do governo para ocupar a cadeira de presidente da autarquia.
“Posição difícil para o BC não é subir juros, mas a inflação fora da meta”, disse Galípolo, reafirmando que o BC subirá a taxa básica se necessário para cumprir a meta de inflação de 3%, com tolerância de 1,5 ponto – um objetivo estabelecido no governo de Jair Bolsonaro, mas mantido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), hoje formado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o presidente do BC, Campos Neto.
Garantir a atual política monetária do BC significa, na prática, continuar travando o crescimento econômico e a geração de novos empregos no país, via elevação da taxa Selic, hoje nos agressivos 10,5% ao ano, mantendo o Brasil entre os países com as maiores taxas de juros reais (descontada a inflação) do planeta.
Os juros estratosférico, impostos pelo BC, inibem o consumo e os investimentos, não só os privados, mas principalmente o público, já que, com juros nestes níveis, aumenta-se também a extração da riqueza gerada por toda sociedade pelos bancos, por meio do pagamento dos juros da dívida pública.
Nos últimos 12 meses até junho, o gasto do setor público com o pagamento de juros já extrapolou a casa dos R$ 830 bilhões. Para continuar mantendo ganhos desta ordem, o corporativismo financeiro (banqueiros, rentistas e outros especuladores) estão pressionando para o aumento da Selic, de no mínimo 0,25 pontos percentuais (p.p), na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, marcada para 17 e 18 de setembro. A cada 1 ponto percentual de aumento da Selic, a dívida pública aumenta 46,4 bilhões, segundo informações do próprio BC.
Nesta quinta, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que o nome de Gabriel Galípolo “está em alta” e que a indicação dele para o cargo não deverá enfrentar problemas para aprovação no Senado.
“Galípolo é um nome que está em alta. Eu não sei se vai ser. Não sou eu quem escolho seguramente, é o presidente da República e o ministro da Fazenda. Eu sei que ele é uma pessoa que se relaciona bem com a equipe atual do Banco Central”, comentou Wagner.