Nível de produção industrial da Alemanha passa pelo seu pior momento desde a formação da União Europeia em 1992. Destruição criminosa do gasoduto Nord Stream impediu acesso do país ao gás barato russo. Manifestações contra o arrocho ocorrem em todo o país. Salários caíram 10%
O Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat) afirmou que a produção industrial da Alemanha está em queda pelo terceiro ano consecutivo, registrando o seu pior momento em mais de três décadas, desde a formação da União Europeia (UE), em 1992.
E a Alemanha prossegue esmagando sua própria indústria com a submissão à política dos Estados Unidos – através da guerra de expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra a Rússia – e a recusa ao gás barato russo em prol do extorsivo e poluente gás de fracking norte-americano.
“A estagnação da produção industrial na Alemanha é causada pela política ‘visionária’ de seu governo [Olaf Scholz]: ao conseguir deteriorar radicalmente as relações com a Rússia”, avaliou o especialista Leonid Khazanov, para quem essa postura “criou uma série de problemas para a sua antiga poderosa indústria nacional”.
Desde a explosão de três dos quatro gasodutos Nord Stream, que garantiam gás russo natural e barato à indústria alemã, as empresas do país se viram diante de um aumento rápido nas tarifas de energia, conforme observa o especialista.
Conforme Andrej Hunko, membro do Comitê de Política Internacional do parlamento da República Federal da Alemanha (Deutscher Bundestag) e membro da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE) desde setembro de 2022, após a sabotagem que cortou o gás russo, “agora recebemos GNL dos EUA que é muito mais caro e pior do ponto de vista ambiental”.
Em segundo lugar, avalia Khazanov, por vestir a camisa das sanções determinada por Washington, a queda das importações de metais ferrosos e não ferrosos da Rússia levou à necessidade de buscar fornecedores alternativos, que se aproveitaram para impor preços de cartel.
Ao perder sua presença de longa data no mercado russo, as empresas alemãs simplesmente foram substituídas, tendo bastante reduzido seu espaço, como ficou ilustrado pela situação mais do que desanimadora da indústria automobilística, recordou o especialista. E, finalmente, a indústria alemã também é comprimida pela queda na atividade consumidora na União Europeia, que também reflete a mesma situação aos EUA.
Neste período os trabalhadores alemães foram submetidos às “maiores perdas salariais reais da história alemã do pós-guerra”, ainda pior do que no crash de 2008 e no lockdown do coronavírus, advertem os economistas Tom Krebs e Isabelle Weber, com os salários reais em um patamar 10% abaixo dos valores de antes da crise.
Sobre quem é beneficiado com essa política de vassalagem, basta avaliar quem está por detrás das bombas nos Nord Stream. De acordo com o jornalista investigativo norte-americano e ganhador do prêmio Pulitzer, Seymour Hersh, a decisão da sabotagem foi tomada pelos EUA em dezembro de 2021. Os explosivos foram colocados em junho de 2022 por mergulhadores, usando como cobertura as manobras anuais da Otan no Báltico.