
Jair Bolsonaro elogiou a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, que tem protegido o governo, e atacou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por dar continuidade na investigação sobre o vazamento de inquérito sigiloso.
A subprocuradora-geral também criticou Moraes por ter continuado a investigação desse processo.
Disse também que a PGR não vai usar qualquer prova obtida pelo inquérito depois que o órgão pediu seu arquivamento.
A aliada de Jair Bolsonaro disse que Moraes “acabou por violar o sistema processual acusatório” e também afrontou o “sistema acusatório”, adentrando “nas funções precípuas e exclusivas do Ministério Público”.
Lindôra Araújo chegou a dizer que Alexandre de Moraes contaminou “todos os elementos probatórios”.
Segundo Bolsonaro, que divulgou informações de um inquérito sigiloso da Polícia Federal durante uma transmissão ao vivo, “o Alexandre de Moraes está fazendo tudo de errado nesse caso, mas não vai ter sucesso no final”.
“Quebraram o sigilo do meu ajudante de ordens. O objetivo é ver as mensagens que eu troco com ele sobre assuntos sigilosos. Ele [Moraes] tá jogando a rede para ver o que vem e me acusar pelo que tiver lá”, continuou.
O inquérito que Bolsonaro vazou versa sobre uma invasão hacker nos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na live, ele usou isso como falso argumento de que as urnas eletrônicas não são confiáveis e que as eleições foram fraudadas, mesmo que todos os especialistas digam o contrário.
Moraes afirmou que a intenção de Bolsonaro era “expandir a narrativa fraudulenta contra o processo eleitoral brasileiro, com o objetivo de tumultuá-lo, dificultá-lo, frustrá-lo ou impedi-lo, atribuindo-lhe, sem quaisquer provas ou indícios, caráter duvidoso sobre a lisura do sistema de votação no Brasil”.
A Procuradoria-Geral da República (PGR), cuja cúpula está defendendo o governo de Jair Bolsonaro, pediu o arquivamento do inquérito que investigava a ação de Bolsonaro, mas Alexandre de Moraes optou por mantê-la.
Depois que as investigações foram encerradas, o ministro pediu para a Polícia Federal um relatório completo sobre tudo o que foi colhido.
A delegada da Polícia Federal responsável pela investigação contra Bolsonaro, Denisse Ribeiro, disse, em relatório, que houve “atuação direta, voluntária e consciente” no vazamento de um inquérito que era sigiloso.
O presidente do TSE, Edson Fachin, apontou que “não há dúvida” de que Jair Bolsonaro vazou informações de um inquérito sigiloso.
“Fomentar excessos de dúvidas artificiais e crises artificiais sobre o processo eleitoral significa, a rigor, ir na contramão daquilo que é seguro à democracia, é agredir a própria democracia e as instituições que a mantém”, acrescentou.