Nomeada por Aras, ela foi alvo de críticas de procuradores da Lava Jato e da Greenfield por interferência indevida
A subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, decidiu, no domingo (28), retirar sua candidatura para o Conselho Superior do Ministério Público Federal (CS-MPF).
A decisão aconteceu depois de críticas recebidas por parte de membros da Operação Lava Jato, da Greenfield e do ex-juiz Sérgio Moro à atuação da subprocuradora, nomeada para o posto pelo procurador-geral Augusto Aras.
A força-tarefa da Lava Jato no Paraná chegou a acionar a Corregedoria do MPF por conta de uma visita feita por Lindôra à Curitiba para buscar informações sobre os arquivos sigilosos que originaram a Lava Jato, em 2014.
Ela também enviou ofícios pedindo acesso a informações das forças-tarefas de São Paulo e Rio de Janeiro.
Na sexta-feira (26), três procuradores pediram demissão por discordar da atuação de Lindôra à frente da Operação no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Aparentemente, pretende-se investigar a Operação Lava Jato em Curitiba. Não há nada para esconder nas investigações, embora essa intenção cause estranheza. Registro minha solidariedade aos procuradores competentes que preferiram deixar seus postos em Brasília”, disse Moro, no sábado (27).
Os membros da Operação Lava Jato e da Greenfield emitiram uma nota em defesa dos três que pediram demissão. Hebert Reis Mesquita, Luana Vargas de Macedo e Victor Riccely “são procuradores da República competentes, dedicados, experientes e amplamente comprometidos com a integridade, a causa pública e o combate à corrupção e enfrentamento da macrocriminalidade”, diz o documento.
A votação para o Conselho Superior do MPF estava marcada para a terça-feira (30). Somente podem participar subprocuradores-gerais da República.
Na semana passada, a eleição dos subprocuradores-gerais Mário Bonsaglia e Nicolao Dino para o Conselho indicou uma insatisfação dos membros do MPF com a gestão de Aras, que estava apoiando outras duas candidaturas.
Já os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro se negaram a passar informações sigilosas para a subprocuradora-geral.
Segundo os investigadores do MPF-RJ, caso haja a necessidade de envio de dados sigilosos, a Procuradoria-Geral da República (PGR) terá que fazer um pedido oficial para cada um dos juízes responsáveis por cada processo.
Lindôra Araújo é coordenadora do grupo da operação Lava Jato no âmbito da PGR.