Suécia, que rejeitou medidas contra Covid-19, sofre com taxa de mortalidade 4 vezes maior que o Brasil

Suécia chega a 376 mortos por milhão, enquanto o Brasil chega a 92 por milhão contabilizados os óbitos até dia 21 - foto - Jonathan Nackstrand / AFP

A Suécia, colocada como exemplo pelo presidente Jair Bolsonaro por não adotar medidas firmes de isolamento social, virou o país com maior número de mortes per capita por coronavírus na Europa  nos últimos sete dias.  O número de mortes entre os suecos também é um dos mais graves  se olharmos em termos gerais e mais de 4 vezes o registrado no Brasil, onde tem prevalecido – ainda que sabotada pelo presidente – a quarentena estabelecida pelos governos de estado e prefeituras.

De acordo com a universidade Johns Hopkins, na quinta-feira, 21, a Suécia contabilizou 32 mil 172 casos. E a agência Reuters acrescentou que o número de mortos no país – 3.871 – equivale a mais de três vezes o total combinado da Dinamarca, Noruega, Finlândia e Islândia, todos os países com sistemas de bem-estar semelhantes. Esses dados significam que a Suécia chega a 376 mortos por milhão, enquanto o Brasil chega a 92 por milhão também contabilizados os óbitos até dia 21.

Segundo dados divulgados na quarta-feira, 20, pelo site Ourworldindata.org, entre 12 e 19 de maio morreram, em média, 6,25 pessoas a cada milhão de habitantes por dia no país. Para termos de comparação, os Estados Unidos, que continuam sendo o epicentro da doença, apresentam uma taxa de 4,11 pessoas falecidas por milhão por dia.

A estratégia sueca, defendida pelo epidemiologista-chefe do governo, Anders Tegnell, é criar a polêmica imunidade de rebanho, quando se permite uma situação em que um número grande de pessoas pegue a doença e se espera que desenvolva imunidade à infecção para poder impedir efetivamente a propagação dela. Porém, um estudo sueco divulgado na quarta-feira, 20, revelou que apenas 7,3% dos moradores de Estocolmo desenvolveram anticorpos contra o coronavírus até o final de abril, uma porcentagem que mostra a ineficiência desse método.

“É um pouco menos (do que o esperado), mas não notavelmente menor, talvez um ou dois por cento”, disse Tegnell em entrevista coletiva em Estocolmo. “Combina muito bem com os modelos que temos.”

No entanto, o conceito de imunidade de rebanho não foi testado para o novo coronavírus e a extensão e a duração da imunidade entre os pacientes recuperados também são incertas.

A Organização Mundial da Saúde alertou contra as esperanças na imunidade do rebanho. Ele disse na semana passada que estudos globais encontraram anticorpos em apenas 1 a 10% da população, resultados alinhados com as recentes descobertas na Espanha e na França.

Segundo a Reuters, o número de pacientes com Covid-19 em terapia intensiva na Suécia caiu um terço em relação ao pico no final de abril. No entanto, como mostram os dados dos últimos sete dias, as mortes estão crescendo.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *