É o primeiro país Europeu da OTAN a encomendar o avião brasileiro sem similar no mundo
A Embraer anunciou no último dia 16 de dezembro a assinatura de um contrato com Portugal para a aquisição de 12 unidades do A-29N Super Tucano, versão da aeronave que atende especificações comunicacionais da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). É o primeiro país europeu da OTAN a encomendar o avião brasileiro sem similar no mundo.
A expectativa é de que os primeiros exemplares do Super Tucano cheguem ao país europeu no último trimestre de 2025, devendo passar por adaptações e testes por três meses e entrar em operação em 2026, informou o general João Cartaxo Alves, chefe do Estado-Maior da Força Aérea Portuguesa. O modelo também conta com “capacidades adicionais, adaptadas para atender aos requisitos operacionais de Portugal”, sublinhou a Embraer.
Portugal estará adquirindo as aeronaves brasileiras por um custo total de 200 milhões de euros (R$ 1,3 bilhão), afirmou o ministro da Defesa de Portugal, Nuno Melo. No país, os aviões serão adaptados pela Indústria Aeronáutica de Portugal (OGMA), subsidiária no país da Embraer, na qual o governo português detém 35% do controle.
O Super Tucano caiu no gosto de forças aéreas ao redor do mundo, diz o professor Marcos Barbieri, especialista em indústria aeroespacial e defesa e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“Dadas as suas características, ele foi exportado para vários países, principalmente da América Latina, África e alguns da Ásia”, destaca Barbieri. O especialista explica que o Super Tucano é uma aeronave com duas funções bem específicas.
A primeira é ser um avião de treinamento avançado, isto é, de preparo de um piloto já formado na academia, mas que ainda não tem experiência suficiente para usar um avião de primeira linha como é, no caso do Brasil, o Gripen.
A outra função é atuar como uma aeronave de patrulha aérea e ataques leves, “com certo grau de sofisticação, como bombas guiadas a laser”. Por conta disso, ele é amplamente utilizado pela FAB para treinar seus pilotos e vigiar a vasta Região Amazônica, interceptando aviões que entram no espaço aéreo brasileiro ilegalmente.
“E por ser um avião turbo-hélice, e não a jato, tem um custo operacional muito baixo”, prossegue Barbieri. “Cada hora de voo de um F-35 norte-americano custa US$ 35 mil [R$ 215 mil], enquanto a hora de voo do Super Tucano custa US$ 1 mil [R$ 6,19 mil]”, completa o engenheiro.
Segundo Barbieri, o avião “coringa” se encaixa perfeitamente nas necessidades atuais de diversas aeronáuticas europeias. “Vários países da Europa estão precisando de novos aviões de treinamento avançado, e nós temos um que pode ser usado como treinamento e, no caso de necessidade, para um ataque leve.” “É uma aeronave que praticamente não existe similar no mundo. Não tem outra que faça essa função dupla.”
O avião Super Tucano está seguindo os passos do avião de transporte C-390, também produzido pela Embraer. O cargueiro teve uma grande receptividade no mercado europeu, com vendas anunciadas para sete países. Nesta sexta-feira (27), inclusive, a Embraer noticiou a décima venda internacional do C-390; dessa vez para um cliente não revelado. Destes, sete são europeus, sendo seis integrantes da OTAN. Portugal mesmo já adquiriu o KC-390.
Com informações de Sputnik