O Tribunal Superior de Justiça (TSJ) da Venezuela anunciou, na noite de sábado (10), que a revisão de todos os materiais eleitorais, como as atas detalhadas das urnas e os depoimentos dos ex-candidatos à eleição presidencial de 28 de julho, apresentados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e pelos ex-candidatos entrou em sua última fase.
De acordo com a presidente do mais alto tribunal da Venezuela, Caryslia Rodríguez, após as audiências com os dez ex-candidatos presidenciais e as 38 organizações com fins políticos que participaram das eleições, o TSJ se prepara para realizar o exame pericial de todo o material eleitoral consignado em físico e digital.
Por sua vez, a Câmara divulgou um documento destacando que a investigação é realizada por pessoal altamente qualificado, utilizando os mais altos padrões técnicos, para garantir que os conflitos sejam resolvidos de forma soberana e justa.
A última fase de avaliação dos documentos tem como objetivo determinar a decisão final sobre o processo aberto pelo presidente Nicolás Maduro em 31 de julho diante das acusações de fraude eleitoral por parte da extrema direita opositora.
A solicitação de investigação partiu do mandatário após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) determiná-lo como vencedor das eleições presidenciais com 51,2% dos votos, mas sem apresentar as atas que comprovassem os números apurados.
GONZÁLEZ NÃO COMPARECEU AO TSJ
Caryslia Rodríguez escreveu no documento do tribunal que dos dez ex-candidatos convocados para prestar audiência ao tribunal, nove compareceram: Antonio Ecarri, José Brito, Enrique Márquez, Luis Eduardo Martínez, Daniel Ceballos, Javier Bertucci, Claudio Fermín, Benjamín Rausseo e Nicolás Maduro.
Destacou que o ex-candidato da oposição que se autodeclarou “presidente eleito”, de acordo com suas próprias atas eleitorais, Edmundo González Urrutia, não compareceu à convocatória.
Além disso, que os partidos que o apoiaram – Manauel Rosales, representante de Un Nuevo Tiempo (UNT), José Luis Cartaya da Mesa Redonda de Unidade Democrática (MUD), e José Simón Calzadilla, do Movimiento por Venezuela (MPV) – não apresentaram recursos que comprovam fraude eleitoral por parte de Nicolás Maduro ou a vitória da aliança Plataforma Unitária.
De acordo com a presidente do tribunal, a decisão a ser emitida sobre o resultado das eleições após as avaliações dos últimos recursos será “irrecorrível e obrigatória”, uma vez que o órgão é a maior autoridade judicial do país.
A investigação também busca avaliar os ataques cibernéticos ao site do CNE, que prejudicaram a transmissão dos resultados após as eleições. O presidente Maduro denuncia que esses ataques foram uma investida da extrema direita e dos Estados Unidos para perpetrar um golpe de Estado.
O presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, apontou que as atas feitas públicas pela oposição de extrema direita venezuelana de González e María Corina Machado foram denunciadas como falsas devido a diversas irregularidades que incluem a falta de assinaturas dos membros das mesas de votação, testemunhas e operadores de máquinas nas atas, o que invalida a sua autenticidade.