Do início dos anos 1990 até maio de 2024, o nível de penetração das importações subiu de 7% para 48% (na margem de doze meses), diz a entidade
Em maio de 2024, o índice de utilização da capacidade instalada da indústria química brasileira atingiu 58%, sendo o menor nível desde o início da série histórica da pesquisa, em 1990, conforme informações da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
“Nesse nível de operação não há atratividade para manter a produção atual e tampouco atrair novos investimentos para o setor”, afirmou a diretora de economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, na última quinta-feira (17), ao alertar que empresas acenam no momento para a hibernação de unidades.
A economista atrela a “forte deterioração” da utilização da capacidade instalada do setor à enxurrada de produtos químicos importados que invadiu o Brasil, além do alto preço do gás.
Do início dos anos 1990 até maio de 2024, o nível de penetração das importações subiu de 7% para 48% (na margem de doze meses), segundo Coviello Ferreira.
“Além da elevada participação das importações sobre a demanda nacional, deve-se registrar a manutenção do elevado déficit na balança comercial dos produtos químicos, que registrou um valor de US$ 44,21 bilhões no acumulado dos últimos doze meses, até maio de 2024. A título de comparação, nos últimos doze meses, até maio de 2024, a balança comercial total do Brasil registrou um superávit de US$ 100,2 bilhões, mostrando claramente um grave processo de desindustrialização da economia nacional”, afirma a diretora da Abiquim.
Para frear o que chama de “surto de químicos importados” no mercado interno, a Abiquim quer que o governo federal eleve a Tarifa Externa Comum (TEC) de 65 produtos químicos. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) analisa o pleito da Abiquim, que foi encaminhado à pasta em maio deste ano.
O setor também vem sendo fortemente impactado pelo preço do gás natural. Segundo a entidade, enquanto a indústria nacional paga pelo gás natural um valor de cerca de US$ 14,6/MMBTU (sem impostos), o mesmo insumo é vendido por cerca de US$ 2,82/MMBTU nos Estados Unidos e por US$ 10/MMBTU na Europa.
“A Abiquim vem demonstrando ao governo como essa situação está insustentável. Este, por sua vez, está para editar o que talvez possa ser considerado um dos mais importantes projetos estruturantes para o Brasil, o Programa Gás para Empregar”, explica Fátima Giovanna.
“O País precisa contemplar nesse projeto medidas que destravem investimentos em infraestrutura de escoamento e tratamento de gás, mas sobretudo que ajudem a indústria a enfrentar essas diferenças gritantes em relação aos comparativos internacionais de preços de gás”, completou.
A Abiquim explica que para o setor, que trabalha em processo contínuo, “o ideal seria que a ocupação das instalações ficasse acima de 85%, sendo que abaixo de 80% passa a ser um nível crítico e preocupante, pois, além da menor viabilidade econômica e custos unitários mais altos, também demanda mais paradas para manutenção, piorando a eficiência das plantas, e, pior, não estimulando a realização de novos investimentos em aumento de capacidade. Operações industriais nesses níveis de capacidade levam a resultados de produtividade e de eficiência que desestimulam, muitas vezes, a continuidade da produção”.
Isso,
Vamos aumentar o preço da matéria prima importada em detrimento da Braskem.
A inflação que isso irá gerar é simplesmente ABSURDA, surreal!
Tiro no pé.
Leia a matéria. Nela, não há nada sobre “matéria prima importada”, mas sobre produtos químicos importados. Aliás, a principal matéria prima da indústria petroquímica, a nafta, é produzida pela Petrobrás. O resto, inclusive a inflação surreal, é por sua conta. Assim como essa vocação de dar tiro no pé.