
São Paulo tem vivenciado um cenário no mínimo preocupante no transporte público, desde o fim de maio deste ano. Como se não bastasse os problemas típicos com a mobilidade urbana, que vão desde o trânsito caótico a ônibus superlotados, agora o paulistano sofre com centenas de ataques a coletivos, para os quais o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) faz ouvidos moucos.
De acordo com o levantamento da SPTrans e da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) foram ao menos 579 ônibus vandalizados na capital, na Grande São Paulo e na Baixada Santista desde o fim de maio. Entretanto, segundo o portal Diário dos Transportes, a relação da SPtrans e Artesp não leva em conta ônibus e vans dos outros municípios do Estado, o que eleva o número de ataques para 710.
Segundo investigação da Polícia Civil, que considera a hipótese de uma ação orquestrada, a maioria dos ataques na cidade de São Paulo foi registrada nas zonas Sul e Oeste e três empresas concentram metade dos casos.
De acordo com a Artesp, que contabiliza ônibus intermunicipais do estado, foram registrados, até a segunda (7), foram 241 casos de vandalismo. Entre as cidades com ônibus vandalizados estão: Barueri, Carapicuíba, Cotia, Cubatão, Diadema, Embu das Artes, Guarujá, Itanhaém, Itapecerica da Serra, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira, Mauá, Osasco, Praia Grande, Ribeirão Pires, Santo André, Santos, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Paulo, São Vicente, Suzano e Taboão da Serra.
Na manhã do sábado (5), quando outros 3 ônibus foram atacados na capital paulista, uma mulher ficou ferida após um dos ataques em Pirituba, zona noroeste da capital. Não há informações sobre seu estado de saúde. Em outro episódio, uma passageira de 31 anos ficou ferida após o ônibus em que estava ser atingido por uma pedra na avenida Washington Luís, zona sul da capital, e sofreu cortes com estilhaços de vidro e fraturas em vários ossos.
Na semana passada, a Polícia Militar anunciou uma operação para proteger os coletivos que seguiria até o dia 31, concentrando esforços em áreas com maior incidência de vandalismo no estado. Para esta ação estão sendo mobilizados 3.641 viaturas e 7.890 policiais.
Tarcísio de Freitas, que até o momento não havia se pronunciado sobre o assunto, afirmou apenas que a população não precisa ter medo e falou em “megaoperação” em andamento sem maiores detalhes. Até agora, três homens foram presos e um adolescente apreendido, por suspeita de participação nos ataques. Não se sabe sequer se se tratam de ações coordenadas.
Cerca de 80% dos casos ocorreram nas zonas Sul e Oeste da cidade, com 85 ataques e 65 ataques registrados, respectivamente. Zonas Leste teve 19 ataques; Zona Norte, 6 ataques e Centro, 16 ataques.
A Polícia Civil apura se os ataques fazem parte de uma ação orquestrada, com modus operandi, regiões e justificativas semelhantes entre os suspeitos detidos.
De acordo com a Polícia Civil, três concessionárias que operam linhas de ônibus na capital concentram mais da metade dos ataques registrados desde maio, sendo elas: Mobibrasil, com 40 ataques; Transpass, 28 ataques e Viação Grajaú, 26 ataques. Outras cinco empresas também registraram ocorrências em menor número: Viação Gatusa, Via Sudeste, Viação Campo Belo, Sambaíba e Vidazul.