Governador de São Paulo foi hostilizado pelos bolsonaristas
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), discordou, em reunião do PL com a presença de Jair Bolsonaro, da posição do ex-presidente sobre a reforma Tributária proposta pelo governo Lula e foi hostilizado por bolsonaristas.
Os membros do PL interromperam diversas vezes a fala de Tarcísio e pediram para que ele mudasse de posição. Bolsonaro disse que o governador de São Paulo, que foi seu ministro da Infraestrutura, “não tem experiência política”.
Tarcísio de Freitas declarou, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que é favorável à “95%” Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma Tributária, sugerindo apenas mudanças “pontuais”.
Já o ex-presidente Jair Bolsonaro disse publicamente que é contrário à reforma.
REUNIÃO E NARRATIVA
Em uma reunião com membros do PL, Tarcísio de Freitas falou que acha “arriscado para a direita abrir mão da reforma tributária”. “A direita não pode perder a narrativa de ser favorável a uma reforma Tributária, porque senão a reforma acaba sendo aprovada e quem aprovou? A esquerda”, disse.
Uma pessoa da platéia interrompeu o governador e perguntou se “nós vamos ficar do lado da narrativa?”.
Tarcísio então falou que “se vocês acham que a reforma Tributária não é importante, não vota”.
O ex-presidente Jair Bolsonaro interrompeu a fala de Tarcísio de Freitas para pontuar que “se o PL estiver unido, não aprova nada. Vai depender de nós”. A fala dele foi aplaudida pelos membros do partido.
O governador de São Paulo insistiu e perguntou se “nós vamos perder a narrativa da reforma Tributária?”. Os bolsonaristas da platéia responderam que “sim”, enquanto um deles pediu em voz alta: “muda sua posição”.
Novamente interrompendo Tarcísio, Jair Bolsonaro falou que “o Tarcísio não tem, com todo o respeito, uma experiência política que muitos de vocês [platéia] têm”.
“Nós não queremos, nessa proposta que está aí, dizer que vai ser melhorada por emendas. Emenda não tem garantia nenhuma de aprovação. O que o Tarcísio está expondo aqui e que eu conversei longamente com ele, é essas possíveis emendas entrar agora [sic] no corpo da PEC junto com o relator. E não dá para fazer isso a toque de caixa”.
APOIO À REFORMA
O Republicanos, partido de Tarcísio, publicou um vídeo com toda a bancada no Congresso anunciando a posição “de apoiar a reforma Tributária”, tomando como base “o pronunciamento e posição do nosso líder, Tarcísio de Freitas”.
Tarcísio declarou que a reforma Tributária é “a alavanca que está faltando para o Brasil dar um salto, para o Brasil se desenvolver”.
Em posição totalmente oposta, Jair Bolsonaro se pronunciou por suas redes sociais de forma contrária à reforma.
Em um dos textos publicados, Bolsonaro se disse contra a proposta porque, segundo ele, Lula é “amigo de ditadores”, quer “taxar o PIX” e “estimula o terror no campo”.
O ex-presidente ainda disse que a proposta do governo Lula “aumenta de forma absurda os impostos da cesta básica (arroz, açúcar, óleo, batata, feijão, farinha, etc.)”.
No entanto, a proposta que será apresentada ao Plenário da Câmara zera a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para todos os produtos da cesta básica, além de garantir que nenhum dos impostos que está sendo criado incidirá sobre eles.
HOSTILIDADES E DEBOCHE
Através das redes sociais, aliados de Jair Bolsonaro debocharam e trataram com ironia a posição de Tarcísio de Freitas.
O deputado federal e filho de Jair, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), afirmou que “não sou 95%, sou 100% contra a reforma tributária do PT”.
Ele disse ainda que a reforma “acaba com a federação”, o que “é um passo a mais para a ditadura, pois concentra o poder”.
O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que está “95% convencido de que há algo de muito errado no reino da Dinamarca”. Na reunião do PL, Salles chegou a dizer que “é muito mais fácil fazer estrada, ponte e ferrovia do que combater a esquerda”.
Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação de Bolsonaro e advogado do ex-presidente, também debochou de Tarcísio. “Eu amo 95% São Paulo. Eu sou 95% contra a agenda verde. Não à Reforma Tributária. Não à Reforma do Lula. Não à Reforma do PT”.